Está chegando a hora do eleitor voltar às urnas, no domingo, para decidir quem será o prefeito da sua cidade. Seja quem for o eleito, o fato é que encontrará muitos desafios pela frente, como levar saúde, educação e empregos para os moradores das comunidades.
Para André Melo, presidente da ONG Noiz, que atua na Cidade de Deus, em Jacarepaguá, o trabalho do novo gestor deve ir de encontro à realidade das favelas, respeitando os moradores. "As operações policiais não são benéficas para ninguém. Expõem os policiais, a comunidade e colocam o Rio num cenário inverso. Está na hora de um trabalho social em conjunto com as ONGs que atuam nos territórios", afirma.
Em tempos de pandemia do coronavírus, a situação da saúde pública, que já era complicada, se agravou. "Maior desafio é a saúde pública. E o ensino público", aponta a líder comunitária Ana Muza Cipriano, do Pavão-Pavãozinho, na Zona Sul do Rio.
Já o ativista social e morador do Morro do Turano, no Rio Comprido, Evandro Machado destaca a invisibilidade dos jovens periféricos nos projetos do governo. "É preciso um olhar especial nas áreas de saúde, empregabilidade e educação. Os governantes precisam ter uma atenção especial para nossa juventude, que, com o passar do tempo, precisa estar empregada", ressalta.
'Incluir a favela nos espaços de tomada de decisão'
Corroborando todas as reclamações dos líderes comunitários, Celso Athayde, fundador da CUFA e CEO da Favela Holding, acredita que o debate do poder público com as pessoas das periferias faz a diferença ao levantar pautas sobre o tema. "O grande desafio é incluir a favela nos espaços de tomada de decisão e de poder. Praticamente um terço da população do Rio mora em favelas. Logo, todo esse número de aproximadamente dois milhões de pessoas não pode ficar fora do debate sobre a cidade que a gente quer", destaca ele, que vê, no período da pandemia, um grande desgaste econômico dessas regiões. "O novo prefeito vai precisar criar mecanismos para que haja incentivos ao fomento do empreendedorismo base da pirâmide, porque o favelado é um empreendedor nato. Como a gente sempre fala, ou democratizamos as oportunidades ou dividiremos as consequências do caos."
