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Setembro Amarelo: Quem cuida da saúde mental de negros e periféricos?

Especialistas falam da importância do tratamento e como o povo de comunidade pode estar presente nesses espaços

Ilustração de Juh Barbosa
Ilustração de Juh Barbosa -

Angústia, tristeza permanente, medo e sensação de esgotamento. A ocorrência desses e de outros sintomas que prejudicam a saúde mental aumentou durante a pandemia da Covid-19. O isolamento social, os altos índices de desemprego e a falta de perspectivas para o futuro são alguns dos gatilhos para manifestações emocionais negativas.

A preocupação com a saúde mental de pessoas negras e periféricas, que foram as mais atingidas pela pandemia, exige atenção redobrada. A psicóloga Leticia Alvarenga observa, por meio do seu lugar de fala como mulher negra, que falta sensibilização sobre a temática antirracista na formação de psicólogos. "Na faculdade de psicologia, pouco ou nada se fala a respeito das questões raciais. Quando pessoas negras vão em busca de auxílio, os profissionais, que em sua maioria são brancos, não compreendem que é preciso ir além da visão eurocêntrica da psicologia tradicional", avalia.

Shayane Nascimento, que também é psicóloga e negra, orienta os pacientes a observarem se no atendimento profissional existe o reconhecimento de alguma discriminação racial. "Uma pessoa negra pode ser atendida por quem ela quiser, desde que se tenha uma escuta racializada e letramento racial. É preciso levar em consideração as subjetividades do povo preto a partir das violências sofridas pelo racismo", pontua.

Ambas as profissionais advertem as pessoas que sentem sintomas de doenças emocionais a não se automedicarem, pois a prática pode causar efeitos colaterais e levar à morte. Elas também reconhecem e defendem com urgência a criação de políticas públicas para melhor atender as pessoas que não possuem recursos necessários para pagar por ajuda profissional.

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