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Brejeiras: informação e memória lésbica

Por Meia Hora

Publicado em 24/08/2025 00:00:00 Atualizado em 24/08/2025 00:00:00
Brejeiras

A revista Brejeiras é uma iniciativa formada por três comunicadoras populares, Camila Marins, Luísa Tapajós e Cris Furtado, que juntas buscam democratizar a narrativa e visibilizar a luta de mulheres lésbicas por direitos. Surgiu no aniversário de 40 anos de Cris Furtado, em janeiro de 2018, numa reunião informal entre elas. Nesse estágio inicial, houve a possibilidade de criar uma plataforma, mas, como não são da área tecnológica, as fundadoras optaram por uma revista impressa que alcançasse pessoas em todo o Brasil.

Brejeiras é dividida em cinco editorias — salivando, dedilhando, nossos passos vêm de longe, sapateando na teoria e classisapa. Com uma publicação feita por e para lésbicas, tem como base enfrentar e denunciar os apagamentos, além da construção de outros imaginários possíveis.

"Tanto nas revistas adolescentes nas bancas de jornal quanto nos veículos de rádio e TV, se havia lésbica, seria assassinada, criminalizada ou fetichizada. Não tínhamos exemplos de lésbicas felizes, vivas e simplesmente existindo," explica Camila.

Pensada para ser um lugar de memória e registro da história lésbicas, a revista é um espaço material que reúne crônicas, imagens, relatos e registros de presença — uma fábrica de arquivo vivo que não se limita a preservar, mas também projetar novos futuros. Para que esse sonho possa acontecer, Cris, Luisa e Camila constroem coletivamente, sem financiamento público. Recentemente, conseguiram um fomento internacional, o que permitiu impressões da revista e aporte financeiro.

Com cerca de 1.000 unidades esgotadas com circulação por todo o Brasil, o envio dos exemplares da Brejeiras é feito em parceria com a livraria Blooks, em embalagens discretas para que quem receber não seja exposta e sofra lesbofobia. Para o trabalho ser replicado de maneira democrática, há uma chamada pública para que as leitoras do periódico tenham seus textos publicados em futuras edições, uma forma de incluir a comunicação como instrumento de organização política.

"Escolha bem suas alianças, se mova por elas. Nada na vida é descartável, a vida exige luta, mas é muito importante que a luta não destrua a alegria de viver", incentiva Luísa Tapajós. 

Recentemente, a revista chegou a sua sexta edição, numa grande confraternização na Lapa. O evento contou com as presenças da atriz e diretora Inez Viana e da psicóloga e ativista Marcelle Esteves. Para incentivar novas publicações, o Pix é: 'revistabrejeiras@gmail.com'. Saiba mais em @revistabrejeiras.

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