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Luta das camelôs vira filme

Por Meia Hora

Publicado em 21/12/2025 00:00:00 Atualizado em 21/12/2025 00:00:00
Documentário surgiu após processo de nada menos que quatro anos de observação

Fugir do 'rapa', enfrentar longas jornadas sob o sol escaldante e ficar horas sem urinar — essas são algumas das muitas demandas na vida de quem trabalha como camelô. Foi ao perceber essas dificuldades que Vinicius Ribeiro, jornalista, decidiu filmar o documentário 'Lute como uma camelô', para retratar os desafios enfrentados pelos trabalhadores urbanos.

O filme surgiu de um processo de observação que durou mais de quatro anos. Ribeiro acompanhou a saga cotidiana do MUCA — Movimento Unido dos Camelôs —, que existe há cerca de 20 anos e reivindica os direitos desses trabalhadores. O documentário é uma homenagem, com apontamentos críticos, às trabalhadoras que buscam seu sustento diariamente nas ruas e calçadas do Rio de Janeiro. O objetivo é informar a população de que as camelôs são mães, sonhadoras e, acima de tudo, mulheres que não se calaram diante das injustiças que enfrentam.

Uma dessas forças de resistência é Maria de Lourdes, que também protagoniza o filme. Há mais de 30 anos percorrendo as ruas cariocas, Maria dos Camelôs, como é popularmente conhecida, criou o MUCA logo após um episódio turbulento. Após o parto, estar em casa não era uma opção; com apenas 15 dias de resguardo, ela precisou trabalhar com suas mercadorias. Ao chegar ao seu tradicional ponto de vendas, Maria foi agredida pela Guarda Municipal, teve o nariz quebrado e precisou retornar ao hospital para uma cirurgia reconstrutiva, pois os pontos da cesariana estavam abertos.

Diante de tantas adversidades, Maria explica a importância do MUCA nos direitos dos trabalhadores informais: "a minha luta é pelos camelôs, para que sejamos reconhecidos como trabalhadores, para todo mundo. Para as pessoas que não têm trabalho formal, não têm carteira assinada, que ocupam as calçadas e os espaços públicos para ganhar dinheiro. É uma luta que venho travando há 23 anos — virou minha bandeira de luta, porque são pessoas que não têm trabalho, não estão na rua porque querem, mas por causa do alto índice de desemprego."

O Coletivo Amendoeira, responsável por dar continuidade aos debates iniciados com 'Lute como uma camelô', já promoveu algumas pré-estreias. A primeira sessão fechada foi no 31º Curso Anual do Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC), na 8 edição do Festival Cine Diversidade e no Sesc Tijuca. A grande estreia está programada para janeiro de 2026. Apoie o MUCA através do PIX: 21993889014. Saiba mais em:
@amendoeiracoletivo, @mucarj e
@lutecomoumacamelo.

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