Mais Lidas

Carnaval 2020: Viradouro conta a história de mulheres que ajudaram a construir o Brasil

Carnavalescos Tarcísio Zanon e Marcus Ferreira para preparar o espetáculo deste ano na agremiação

Rainha do povo! De pés no chão Raissa Machado brilha em primeiro ensaio de Rua da Viradouro
Rainha do povo! De pés no chão Raissa Machado brilha em primeiro ensaio de Rua da Viradouro -
Depois de ter sido uma escola poderosa no final da década de 90 e início dos anos 2000, a Unidos do Viradouro passou por momentos difíceis nos últimos anos. Após o rebaixamento para a série A e a saída do carnavalesco Paulo Barros do comando da escola, ela volta triunfante para o Grupo Especial em 2020 contando a história das mulheres que lutaram para construir um Brasil melhor.
Para dar vida a esse enredo, a escola trouxe os carnavalescos Tarcísio Zanon e Marcus Ferreira para preparar o espetáculo deste ano. A vermelha e branca de Niterói chega contando a trajetória das Ganhadeiras de Itapuã, um grupo musical que dá voz às tradições centenárias das mulheres negras que comercializavam peixes e diversos outros produtos nas praias de Salvador desde o período colonial.

Em entrevista dada ao portal 'UOL', os carnavalescos Tarcísio e Marcus contaram um pouco de como será passada essa história para o público na avenida. Eles falaram que encontraram uma escola super receptiva às ideias que trouxeram e que farão tudo para estarem à altura de seu antecessor.
"Encontramos uma equipe pronta e nos adequamos a ela. O carnavalesco dá a primeira ideia, mas um time maduro e competente, como o que encontramos aqui, faz toda a diferença e nos traz uma tranquilidade para trabalhar", contou Tarcísio.

Para Marcus, é a estreia no Grupo Especial, já que Tarcísio já teve uma oportunidade com a Estácio de Sá. Agora, os dois juntam forças para brigar pelo título. "Bate uma ansiedade, não nego. Mas quando você vê o trabalho praticamente pronto, posso dizer que a Viradouro fará um grande desfile. A parte da criação está feita e acreditamos muito no projeto. A expectativa agora é que tudo dê certo e não tenhamos nenhum problema", explicou Zanon.

Marcus disse que esse é o momento que sempre esperou na vida, estar à frente de uma grande escola no Grupo Especial, tendo liberdade artística e apoio da diretoria. "Fizemos o Carnaval com muita tranquilidade e paciência da escola. Fizemos tudo que nos foi proposto: um enredo inédito, que olhe para a cultura brasileira e que traga uma página de nossa história que 99% das pessoas desconhece", disse ele.

Faltando pouco para o grande dia, a Viradouro diz que já está quase todo trabalho concluído, agora é respirar fundo e conferir os últimos detalhes para que no dia do desfile tudo saia perfeito.
"Estamos com 85% do trabalho concluído. Mas nossa parte agora é olhar e zelar pelo que está feito. Cobrir as esculturas, finalizar os testes de luz e arrematar algumas coisas de alegorias", disse Marcus. Ele contaram com o apoio da prefeitura de Niterói para que tudo saísse como planejado, mas afirmaram que fizeram tudo com muita cautela, sem esbanjar dinheiro.

Tarcísio diz que a experiência no grupo de acesso ajudou e muito a Viradouro fazer um carnaval mais econômico. Mas disse que a escolha do enredo também facilitou na hora das despesas, já que um tema regional é mais fácil ser aplicado trabalhos artesanais. 'A gente entrou no almoxarifado da escola e reaproveitou muitas coisas. Achamos plumas até dos tempos em que Joãosinho Trinta era carnavalesco. A gente foi reciclando e fazendo arte em cima do que estava guardado", explicou Zanon.

A escola trará para avenida um enredo inédito, uma coisa que dificilmente vemos no carnaval, principalmente quando o tema é focado no histórico. "Nossa cabeça não para e sabemos que o Carnaval precisa do ineditismo. E o tema veio a calhar porque a Viradouro é uma escola de alma feminina, com vários enredos sobre mulheres como Tereza de Benguela, Bibi Ferreira, Dercy Gonçalves", detalhou Marcus.
E completou dizendo que a escola pediu um enredo cultural, mas que desse um peso ao carnaval da Viradouro. "A história da Viradouro se entrelaça com a das ganhadeiras: é marcada por luta e superação".

Os carnavalescos disseram que a Bahia está muito feliz com a escolha do enredo da escola niteroiense. Confirmou que virá um grande grupo de Itapuã para desfilar e assistir. Eles também receberam apoio de artistas baianos, que mesmo não podendo estarem presentes por conta das agendas, adoraram ver a história das Ganhadeiras sendo mostrada para o mundo todo.
"Artistas como Margareth Menezes, Mariene de Castro e Saulo apoiaram o nosso enredo. Muitos deles não poderão desfilar por conta de suas agendas no Carnaval de Salvador, mas estão nos divulgando bastante", contou Zanon.

Segundo eles, as Ganhadeiras estão muito emocionadas e 22 matriarcas estarão presentes no desfile da Viradouro. A Unidos de Viradouro será a segunda escola a desfilar no domingo, dia 23 de fevereiro.