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Lewis Hamilton abre o coração e fala sobre racismo e recordes na Fórmula 1

Hexacampeão falou sobre amizade com Neymar e Gabriel Medina

07/11/2018 - AGÊNCIA DE NOTîCIAS - PARCEIRO - O piloto britânico Lewis Hamilton da equipe Mercedes, penta campeão de Fórmula 1 durante entrevista coletiva no hotel Palácio Tangara, na manhã desta quarta-feira (7) na Zona Sul de São Paulo. Ele chegou para disputar o GP do Brasil - Foto: Renato Gizzi/Parceiro/Agência O Dia
07/11/2018 - AGÊNCIA DE NOTîCIAS - PARCEIRO - O piloto britânico Lewis Hamilton da equipe Mercedes, penta campeão de Fórmula 1 durante entrevista coletiva no hotel Palácio Tangara, na manhã desta quarta-feira (7) na Zona Sul de São Paulo. Ele chegou para disputar o GP do Brasil - Foto: Renato Gizzi/Parceiro/Agência O Dia -
Muito mais do que um atleta, Lewis Hamilton, de 35 anos, cada dia que passa se torna um ícone mundial. O hexacampeão de Fórmula 1 abriu o coração em uma entrevista para o site "Motorsport.com" e falou sobre o Brasil, racismo e suas conquistas profissionais.
Quem vê Hamilton hoje em dia, com tantas conquistas, não imagina que ele levou um pouco de tempo para se encontrar dentro da Fórmula 1. "Para mim demorou muito tempo, infelizmente. O principal da minha descoberta própria veio quando eu era no centro das atenções. O público em geral pode fazer isso no mesmo período, talvez sem as pressões do julgamento e com constantes críticas, então foi difícil", explicou. "Mas eu diria que veio tarde porque eu tinha muito controle sobre mim. Eu estava realmente tipo, 'ei, quero fazer isso', mas me bloqueava. 'Mas eu ia me vestir dessa maneira', mas me bloqueava. 'Quero fazer tatuagens', mas me bloqueava. Então eu nunca pude ser quem eu queria ser. Até que finalmente assumi o controle da minha vida quando tinha 25 anos e decidi que tudo bem", completou.

Além de atleta, Lewis é engajado com causas ambientais, LGBT e racismo, que mesmo com tanta informação vem crescendo no esporte. Hamilton já foi vítima desse tipo de comportamento e diz como pará-lo. "Acho que vai demorar muito, muito tempo. É uma coisa que envolve educação, na minha opinião. Não posso falar por outros países, mas imagino que seja um cenário parecido com onde vivi. Tudo está tudo relacionado à educação das novas gerações, e isso vem dos pais. São os pais que passam os ideais, valores e crenças que têm em mente. E colocam isso nas crianças. Quando eu tiver meus filhos, eu vou dizer: ‘isso é o que eu quero e espero de vocês’. Esse é o círculo da vida. A educação escolar é fundamental. Nela, eu só aprendi a ‘História branca’. Nunca me contaram nada sobre minha cultura. Meus pais me contaram sobre minha história, porque eles queriam falar sobre a cultura deles. Acho que é preciso que as pessoas saibam disso e entendam o que é o racismo e entendam que somos todos iguais, todos estamos conectados à terra, e isso é triste no futebol", disse. 
Em seguida ele contou de um caso em particular. "Eu me lembro de correr na Itália e havia um homem negro da África que vendia relógios em sua jaqueta, faltava diversidade. E quando você tem líderes, como Donald Trump, que se posicionam de forma que você pode classificar como comentários raciais, e as pessoas assistem TV e veem isso, é como se confirmasse a visão errada de alguns. É um efeito dominó, uma ciclo constante. Quando eu estava no kart, me lembro de ser empurrado para fora da pista o tempo todo. Eu era o único negro lá. E eu queria brigar o tempo todo. Meu pai dizia: ‘Fale na pista. A melhor coisa que você pode fazer é derrotá-los na pista'. E isso foi o que sempre fiz. Eu falei através do meu carro", afirmou.

O piloto tem uma longa história com o Brasil. Além de ser fã declarado de Ayrton Senna, Lewis tem seus próprios amigos brasileiros. "Digo que meus amigos mais próximos são Anitta, Gabriel (Medina) e Neymar. Eu diria que provavelmente são meus três amigos mais próximos aqui. E é incrível observá-los individualmente fazendo o que fazem", completa.