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A Covid levou muitas pessoas queridas do público brasileiro

O ano de 2020 se despede com a enorme dor causada pela pandemia

Nicette Bruno
Nicette Bruno -
A Covid-19 nos mostrou as faces mais duras de uma tragédia mundial. O vírus que trancou o planeta e impediu simples manifestações de carinho, como beijos e abraços, interrompeu a vida de quase 200 mil brasileiros. Um contingente enorme de famílias enfrentou o drama de uma despedida sem o último olhar. Entre aqueles que a pandemia nos tirou do convívio, estão pessoas que faziam parte do nosso dia a dia, que entravam em nossas casas, dividiam microfones, câmeras, traços, acordes, letras... Que tocavam os nossos ouvidos e as nossas almas, nos aqueciam com talento e arte. Eram íntimos, mesmo que jamais nos tivessem visto.
No triste e inimaginável 2020, ano que a Covid transformou num oceano de lágrimas, o Brasil se despediu de nomes como Paulinho, vocalista do Roupa Nova, do compositor Aldir Blanc, do desenhista Daniel Azulay, do percussionista Ubirany, do grupo Fundo de Quintal, do ator Eduardo Galvão e do apresentador Rodrigo Rodrigues, do Sportv. Como tão bem retrata uma das composições de Aldir Blanc, chora a nossa pátria, mãe gentil...

ALDIR BLANC

Aldir Blanc - AE
Compositor e escritor de raro talento, Aldir Blanc era carioca, nascido no Estácio, em 2 de setembro de 1946. Morreu aos 73 anos, no dia 4 de maio, no Hospital Universitário Pedro Ernesto, em Vila Isabel, na Zona Norte, bairro que era uma de suas paixões. É autor de clássicos como 'O Bêbado e a Equilibrista', em parceria com João Bosco, imortalizada na voz de Elis Regina. Vascaíno apaixonado, cronista que adorava o Rio de Janeiro, foi colunista do jornal O DIA e escreveu 11 livros. Tinha especialização em Psiquiatria, mas, em 1973, trocou de vez a Medicina pela música e deixa composições que marcaram a vida e a história dos brasileiros, como 'O Mestre-Sala dos Mares' e Dois Pra Lá, Dois Pra Cá'. Aldir Blanc também foi responsável por batizar o bloco 'Simpatia é Quase Amor', um dos mais tradicionais do Carnaval carioca, que desfila há anos em Ipanema, na Zona Sul.

DANIEL AZULAY

Daniel Azulay - Reprodução de internet
Desenhista, pintor e cartunista Daniel Azulay lutava contra uma leucemia, contraiu o novo coronavírus e não resistiu. Ele passou duas semanas internado na UTI da Clínica São Vicente, na Gávea, Zona Sul do Rio, e morreu, aos 72 anos, no dia 27 de março. Talentoso, ganhou projeção nas décadas de 1970 e 1980 em programas destinados ao público infantil, como a 'Turma do Lambe Lambe', exibido na TV Educativa e na Bandeirantes, que marcou gerações. Os principais personagens eram a vaquinha Gilda, a coruja Professor Pirajá e a galinha Xicória, além do bordão 'Algodão doce pra você!'. Carioca, nascido em 30 de maio de 1947, Daniel Azulay era formado em Direito pela Universidade Cândido Mendes. No início da década de 1970, começou a publicar histórias em quadrinhos e cartuns em revistas e jornais. Sempre preocupado com temas como o meio ambiente, também se envolveu em vários projetos sociais e de conscientização, tendo como foco ações educativas voltadas à conscientização do público infantil.
 

EDUARDO GALVÃO

Eduardo Galvão - Reprodução Instagram
O ator não resistiu à Covid-19, após passar mais de uma semana internado no Hospital da Unimed, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, e morreu no dia 7 deste mês. O último trabalho dele foi no papel do advogado Dr. Machado, em 'Bonsucesso', da TV Globo, novela que foi transmitida pela emissora até janeiro deste ano. Na Globo, também fez em 1989 a primeira novela: 'Salvador da Pátria'.
Eduardo Galvão era carioca, nascido em 19 de abril de 1962. Teve como um dos papéis de destaque Paschoal Papagaio, em 'Despedida de Solteiro'. Também participou de novelas de sucesso, como 'A Viagem', 'As Pupilas do Senhor Reitor, Malhação', 'Em Família' e 'Insensato Coração'. Ao lado de Angélica, também fez sucesso na série 'Caça Talentos', exibida de 1996 a 1998, na TV Globo, interpretando o personagem Arthur Carneiro, par romântico da Fada Bela, vivida pela apresentadora.

NICETTE BRUNO

NICETTE BRUNO - Reprodução Internet
Uma das grandes atrizes do país, nome consagrado nos palcos e na TV, Nicette Bruno morreu aos 87 anos, no dia 20 deste mês, na Casa de Saúde São José, no Humaitá, Zona Sul do Rio. Vítima da Covid-19, ela deixa três filhos e uma carreira de enorme sucesso, consagrada por personagens inesquecíveis.
Nicette Xavier Miessa nasceu em Niterói, no dia 7 de janeiro de 1933. Aos quatro anos, começou a carreira num programa infantil na Rádio Guanabara. Aos 14 anos,já era atriz profissional. Aos 19, conheceu Paulo Goulart, companheiro que morreu em 2014, com quem passou quase 60 anos casada. Na TV, foi imortalizada como a Dona Lola, da novela 'Éramos Seis', da Tupi, e Dona Benta, a querida e doce vovó do 'Sítio do Picapau Amarelo', na Globo. Também desfilou seu enorme talento na TV Excelsior. Na Globo, participou de produções de enorme sucesso como 'Obrigado, Doutor', 'Sétimo Sentido', 'Selva de Pedra', Rainha da Sucata' e 'Mulheres de Areia', entre outras.

PAULO CÉSAR SANTOS, O PAULINHO

Paulinho do Roupa Nova - Reprodução da internet
Vocalista do grupo Roupa Nova, Paulo César Santos, o Paulinho, de 68 anos. estava internado na UTI do Hospital Copa D'Or, na Zona Sul do Rio, onde morreu no último dia 14. Ele havia passado em setembro por um transplante de medula óssea em consequência de um câncer. No entanto, em novembro, se contaminou pelo novo coronavírus, precisou ser novamente internado e não resistiu.
Paulinho, nascido no Rio no dia 6 de setembro de 1952, apresentava-se em bailes até se juntar aos amigos que deram origem ao Roupa Nova, uma das bandas de maior sucesso na MPB, a partir dos anos 1980. Sua voz se tornou uma espécie de marca registrada do grupo, que percorreu gerações com hits como 'Volta pra Mim', 'Canção de verão', 'Sensual', 'Meu universo é você' e 'Asas do Prazer'. Também atuou como percussionista e fez composições, entre elas 'Assim como eu' e 'Fora do ar'. A consagração de Paulinho e da banda o Roupa Nova vaio com o clássico 'Clarear', lançado em 1982, e que estourou no mundo da música ao se tornar tema da novela 'Jogo da Vida', da TV Globo
 

RODRIGO RODRIGUES

Rodrigo Rodrigues - Reprodução
Apresentador do SporTV, escritor e músico, Rodrigo Rodrigues morreu em 28 de julho, aos 45 anos, vítima de complicações causadas pelo novo coronavírus. Inicialmente, ele estava com sintomas leves da doença, mas passou mal e foi internado no Hospital da Unimed, na Barra. Rodrigo teve uma trombose venosa cerebral, chegou a ser submetido a uma cirurgia, mas não resistiu.
Carioca, nascido em 18 de abril de 1975, ele era versátil, dono de um estilo próprio, muito bem-humorado e querido pelos colegas. Iniciou a carreira em 1995, na Rede Vida, e passou por diversas emissoras, como Cultura, ESPN, SBT e Band. Guitarrista, Rodrigo Rodrigues montou em 2008 a banda 'The Soundtrackers', especializada em trilhas de grandes sucessos do cinema.

UBIRANY

Ubirany tinha 80 anos - Fábio Rocha / TV Globo
Mestre do samba, o cantor, compositor e instrumentista Ubirany Félix do Nascimento, um dos fundadores do grupo Fundo de Quintal, morreu aos 80 anos no último dia 11, depois de mais de uma semana internado devido a complicações da Covid-19. Dono de um sorriso aberto e de um enorme talento, ele foi um dos precursores do pagode, no Cacique de Ramos, santuário do samba.
Nascido no Rio de Janeiro no dia 16 de maio de 1940, Ubirany foi responsável pela criação de um novo instrumento, o repique de mão, do qual, apesar da modéstia, jamais escondeu o enorme orgulho. Teve como parceiros nomes consagrados, como Jorge Aragão, Almir Guineto e Arlindo Cruz. Com o Fundo de Quintal, conquistou 15 discos de ouro, três de platina e um Grammy Latino.