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No Dia da Conscientização do Autismo, Juliana Trentini sugere algumas dicas para construção de diálogo

Dia 2 de abril é Dia Mundial da Conscientização do Autismo e a construção da comunicação é essencial para o desenvolvimento dos pequenos

Dia 2 de abril foi instituído pela Organização das Nações Unidas como o Dia Mundial de Conscientização do Autismo
Dia 2 de abril foi instituído pela Organização das Nações Unidas como o Dia Mundial de Conscientização do Autismo -
O transtorno do espectro autista (TEA) é caracterizado por um déficit na comunicação social entre outras características. Por este motivo, na maioria das vezes, estabelecer um diálogo não é tão simples ou intuitivo. A seguir, a fonoaudióloga Juliana Trentini, do Canal Fala Fono, autora do livro "Aprendendo a falar", sugere algumas dicas que podem ajudar:

1-Tente estabelecer contato visual com frequência num contexto que a criança esteja feliz ou relaxada, mesmo que por poucos segundos. Isso vai melhorar a habilidade ao gerar uma associação positiva e dessensibilização, tornando o contato visual algo tolerável ou agradável.

2- Tente apontar itens para a sua criança e incentive que ela lhe mostre as coisas apontando. Parece uma tarefa simples mas exige bastante da comunicação social. Esta triangulação da atenção onde você e a criança estão prestando atenção numa terceira coisa é uma habilidade precursora do diálogo, afinal muitas vezes quando a gente conversa é sobre um terceiro elemento.

3- Observe a sua criança brincando, tente entender o que ela gosta de fazer e daí tenta imitá-la, isso gera conexão, identificação e aumenta as dela te imitar também.

4- Antes de querer que sua criança repita o que vc fala ensine ela a imitar gestos simples, como palmas, mandar beijos, dar tchau. Além de trabalhar a imitação, isso favorece a comunicação uma vez que estes gestos carregam um uso social.

5- Ao fazer perguntas para a sua criança, comece por perguntas que ela pode responder apontando: Vc quer maçã ou banana?

6- Aumente e muito a latência antes de repetir a pergunta, responder pela criança ou fazer algum ou comentário! A latência é o tempo entre o final da sua pergunta e o início da resposta. A criança precisa pensar na resposta, planejar como vai responder e executar uma resposta. Esta não é uma tarefa simples e exige muito mais tempo do que os adultos necessitam.

7- Valide toda forma de comunicação. Fingir que não entendeu o que a criança quer não vai fazer ela se esforçar mais para conversar com você, vai fazer ela desistir de você. Quando você se esforça para entender uma criança ela vai querer se esforçar mais para conversar com você. O diálogo é uma via de mão dupla!

8- Uma porcentagem considerável das crianças dentro do TEA além dos déficts na comunicação social apresenta dificuldades persistentes em compreender e produzir linguagem em geral. Como se fosse uma dislexia só que ao invés de ser para a linguagem escrita é para a linguagem falada. Chamamos isso de Transtorno de linguagem secundário ao TEA ou associados ao TEA. Por isto a persistência, a repetição e o tratamento são tão importantes. Não deixe de procurar um fonoaudiólogo.

9- Outra porcentagem considerável das crianças dentro do TEA pode apresentar também Apraxia como comorbidade, seja ela global, oral ou de fala. O que significa que eles podem ter dificuldades persistentes no planejamento e na execução dos movimentos que pode incluir os movimentos que devem ser feitos durante o ato da fala. Existe tratamento e ele pode auxiliar muito.

10- Entenda que o diálogo, a linguagem e a comunicação são muito mais amplas e diversas que a forma padrão a qual estamos acostumados. Ampliar o nosso entendimento sobre isso pode nos ajudar a ser um melhor parceiro de diálogo. O silêncio diz muito, um toque diz muito, uma aproximação diz muito. Valorizar estas formas singelas de comunicação pode te aproximar da criança e facilitar outras formas mais socialmente valorizadas de comunicação. Procure uma forma de conexão de coração e mente abertos, pode ser muito mais fácil e prazeroso do que você imagina.