Rainha da Beija-Flor, Raissa de Oliveira conta como será seu primeiro Carnaval após ser mãe

Passadas as festas de fim de ano, a coluna já começa a esquentar os tamborins para o Carnaval dando início à série de entrevistas com Rainhas de Bateria do Grupo Especial. A estreia é com Raissa de Oliveira, da Beija-Flor de Nilópolis. Quatro meses após dar à luz Rhayalla, ela está preparada para o seu primeiro Carnaval como mãe. Raissa conta que não vai levar a filha para a Sapucaí, diz que é uma mãe babona e muito mais. Confira o bate-papo!

Como está a expectativa para seu 18º ano à frente da bateria da Beija-Flor?

A expectativa é sempre muito grande, até porque a Beija-Flor vem com um enredo diferenciado, falando sobre rua, "Se Essa Rua Fosse Minha". Estamos com uma força a mais, uma garra a mais, até pelo resultado do ano passado (11ª posição). Com certeza, é diferente por causa disso. Quero o melhor para minha escola.

Pretende levar a Rhayalla com você para a Sapucaí e montar um esquema ou vai deixá-la com seus familiares?

Não pretendo. Desde quando eu soube que estava grávida, se eu tivesse que ficar ausente dela e tudo mais, eu já tinha feito uma logística dentro da minha cabeça. Até porque não tem condições de levar ela. Ela é muito pequena, muito nova. Em fevereiro, ela vai estar fazendo 6 meses. Então, não tem como levar pra Sapucaí. É muita gente, ela tem a rotina dela. Já falei com a minha comadre, que vai ficar com ela neste dia do Carnaval que a Beija-Flor desfilar. Minha filha é muito boa de se ficar. Ela é calma. É só um dia também, os outros dias eu faço minhas agendas de Carnaval e pulo com ela.

Se você deixar a Rhayalla em casa, vai ficar com saudade?

Claro! Até quando eu vou pro ensaio da Beija-Flor, eu fico com saudade. Mas é normal. Até porque está pequenininha, então, tem aqueles mimos todos. É muito gostoso. Acho que estou vivendo uma experiência única com a minha filha. Não sei nem te descrever esse amor gostoso. Às vezes, eu fico até querendo levar ela pra quadra. Mas tive minha filha prematura, ela teve outros problemas. Por isso não consegui levar ela à quadra ainda. Mas minha filha já sabe quem ela é. Vai gostar da Beija-Flor. Ela ficava sambando dentro da minha barriga. Eu estou muito animada para isso acontecer. Quando eu saio, eu fico com saudade da minha filha. Mas é momentânea. São trabalhos que a gente tem que fazer.

Muda para você toda essa rotina de Carnaval, já que agora é mãe? 

Como eu conto com muitas pessoas para me ajudar, muda um pouco a rotina por causa da responsabilidade. Porque você sabe que você tem uma criança pra cuidar. Por mais que você esteja longe, você tem que monitorar. Mas é aquela preocupação de mãe. Mas minha filha não me atrapalha, tem minha mãe que cuida dela quando eu preciso. Por isso, eu fico despreocupada. Eu sei que posso contar com a minha mãe. Minha filha não me prende em nada. Levo minha vida normal. Claro que tem dias mais cansativos. Mas eu consigo separar meu trabalho com os afazeres de casa, com o trabalho doméstico, com vida de empresária, com cuidados com a minha filha, tudo.

Ainda rola aquele frio na barriga quando você pisa na Sapucaí?

Sempre rola aquele frio na barriga. É meu 18º ano como Rainha e sempre rola. Não adianta. É sempre como se fosse a primeira vez. Mas é um frio gostoso. Depois que a gente entra com o pé direito na Avenida, aí, sim, a gente resolve tudo lá dentro.

E como é a sua relação com os integrantes da Beija-Flor?

Minha relação sempre foi familiar. Nunca escondi isso. A gente se chama de família Beija-Flor. Todo mundo se respeita, está ali com o mesmo objetivo. Realmente, ali eu tenho uma família, uma segunda casa.

Como será sua fantasia? Vai ser mais comportada ou vai mostrar o corpo?

Minha fantasia vai ser normal (risos). Metade, metade. Nem muito ousada, nem muito comportada.

Você já se espelhou em alguma Rainha de Bateria? Qual?

A gente tenta tirar um pouco o melhor de cada uma. Até das Rainhas da Sapucaí, que eram a Luiza Brunet e a Luma de Oliveira. Desde antigamente até hoje, a gente tenta tirar a simpatia, a humildade de cada uma. Hoje, eu fico vendo as outras Rainhas de Bateria. Gosto de acompanhar o trabalho de todas, mesmo sabendo que uma é diferente da outra. Cada uma tem seu brilho. Tento me espelhar em cada uma delas, porque, além de Rainhas, somos amigas.

Tem algum ritual antes de entrar na Avenida?

Faço minhas orações, mas meu ritual maior é sempre entrar com o pé direito na Avenida. Para poder dar tudo certo, claro.

O que os torcedores da Beija-Flor podem esperar do desfile deste ano?

Hoje, nós temos o Cid Carvalho e o Alexandre Louzada (carnavalescos), que vêm trabalhando muito pelo título. Além da nossa comunidade pé-quente e pé no chão, que vem com o samba na ponta da língua, o enredo é muito bom. Todo o barracão vem trabalhando arduamente para conquistar o título. E podem esperar uma Beija-Flor grandiosamente luxuosa. É o que a gente espera e está trabalhando.

A Beija-Flor vem para brigar pelo título?

A Beija-Flor vem sempre pra brigar pelo título (risos). Até porque ela está sempre ao topo.

Como você está fazendo para voltar ao seu corpo depois da gravidez? Pretende fazer algum treinamento especial para o Carnaval?

Graças a Deus, eu voltei ao meu corpo muito rápido. Um corpo que muitas mulheres tem dificuldade para voltar depois de uma gestação. E eu sei que é muito difícil. Mas tenho uma genética boa, eu sempre malhei e acho que isso me ajudou bastante pra eu voltar ao meu corpo. Claro que eu estou intensificando meus treinos, tanto na musculação, na academia, quanto na estética e na alimentação, que é fundamental.

Como você lida com o assédio masculino no meio do samba?

Para mim, o assédio masculino dentro do samba não é mais uma coisa anormal. Hoje é uma coisa que, para mim, passa batido, porque eu nunca dei e não dou confiança. Às vezes, até amigas minhas passam por certos tipos de preconceito. Eu também passo por certo tipo de preconceito, porque a gente coloca um biquíni, uma roupa que mostre mais o corpo. Mas não fico frustrada. Eu sei que meu trabalho é assim. Sei também que a gente pode passar por essas coisas. Mas sei lidar bem com isso. Agora, quando eu vejo que o homem mexe e que está demais, aí a gente parte pra cima ou vê como pode se defender. Porque impune isso não pode nunca ficar.

O seu marido, Drigão Henriques, sente ciúme de você desfilar no Carnaval?

Não, ele não tem ciúme. Muito pelo contrário. Ele já me conheceu assim. Ele sempre me dá força. Ele que fica com a minha filha também pra eu poder malhar ou quando preciso sair pra ir trabalhar. Ele também se dedica muito à nossa filha. Ele não é pai de primeira viagem, ele já sabe como cuidar. Eu que sou mãe de primeira viagem. Ele me ajuda demais, com a minha filha, com a casa. Ele, realmente, além de marido, é meu grande amigo. É um companheiro nota 10.

E ele está sendo um bom pai, Raissa? Ajuda nas tarefas com a bebê?

Ajuda à beça. É do tipo que troca a fralda, dá banho, dá mamadeira... Essas coisas todas (risos).

Você está uma mãe muito coruja?

Eu sou uma mãe superbabona. Tenho até que tomar cuidado. Às vezes, eu até acho que coloco olho grande na minha filha (risos). Sou muito coruja. Adoro colocar laços grandes, do tamanho de um carro alegórico, na cabeça dela. Eu gosto dela de vermelho, rosa-choque, pra chamar bastante atenção.

Já pensa em ter mais filhos?

Não pretendo ter mais filhos. Meu marido já tem quatro meninas. Não precisamos mais de filhos. E eu já tenho uma que me realiza muito. Para mim, o meu ciclo já fechou. Além de dar muito trabalho, hoje, o mundo está muito complicado para se criar um filho. A Rhayalla não estava no meu planejamento. Estava no planejamento de Deus. E se estava no planejamento de Deus, a gente recebe. E Deus também não poderia deixar de me dar esse presente e eu realizar meu sonho de ser mãe. Eu recebi minha filha como um presentão de 2019.