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Hashtag #RacismoNaInfância reúne relatos emocionantes de anônimos e famosos sobre racismo

O racismo é um grande problemas do mundo, onde milhares de crianças sofrem todos os dias e levam para a vida adulta a dor que passaram quando pequenos

 George Floyd
George Floyd -
Não importa quantos anos você tem, qualquer ofensa ou humilhação que tenha passado durante sua infância, com certeza será carregado contigo para o resto da vida.
O racismo é um grande problemas do mundo, onde milhares de crianças sofrem todos os dias e levam para a vida adulta a dor que passaram quando pequenos.
Tentando mostrar um pouquinho da dor que sentem todos os dias, anônimos e famosos compartilharam histórias de racismo vividos na infância.
A hastag #RacismoNaInfância virou assunto principal nos últimos dias no Twitter e tem emocionado a todos.

Hoje adultos, essas crianças humilhadas no passado, relembram toda discriminação que sofreram na infância por causa da cor de sua pele.
Uma dessas pessoas foi a cantora Gaby Amarantos, que ao lado de uma foto sua ainda menina, fez um relato emocionante sobre o preconceito que viveu quando criança.

“Gritavam ‘lá vem a nega maluca fedida que nunca vai ser paquita’ e a sala toda ria e cantava em coro ‘cabelo de palha de aço’ dês desse dia eu passei a usar o cabelo preso”, relembrou a cantora que confessou que o evento foi tão traumático que passou metade da vida alisando o cabelo para se ‘enquadrar’ no ‘padrão de beleza’ estipulado pelas pessoas brancas.

Ao lerem o relato de Gaby, diversas mulheres também relataram que ouviam o mesmo tipo de comentário racista em relação ao seu cabelo natural.
Muitas falavam que era impossível ir a qualquer lugar de cabelo solto que logam vinham soltando pérolas como ‘feio, duro, palha de aço, cabelo de bruxa’, etc.

Anônimos e famosos, como as cantoras Gaby Amarantos e Karol Conká, deram depoimentos sobre o tema — que, aliás, segundo especialistas, não deve ser camuflado como bullying; é preciso abordá-lo como racismo e buscar seu enfrentamento.

A rapper brasileira, Karol Conka também fez questão de compartilhar um momento traumático de sua infância.
“Quando eu tinha 6 anos, uma professora destrancou meu cabelo e me colocou sentada na mesa dela enquanto gargalhava dizendo para meus colegas de sala: 'Olha esse cabelo parece um espantalho!'. Todo mundo deu risada e eu queria sumir... Mas só consegui chorar", relatou a cantora.

A cantora Teresa Cristina também confessou que passou por maus momentos na época da escola.
“Na sexta série, eu tive que trocar de colégio. Quando cheguei no colégio novo tinha um menino chamado M. Gomes que todos os dias batia na minha bunda quando cantávamos o hino e me chamava de macaca. Passei a me esconder no banheiro pra evitar o encontro com ele", desabafou a artista.

Fióti, sócio da gravadora ‘Laboratório Fantasma’, fez questão de compartilhar sua primeira experiência de encontro com policiais nas ruas, aos 10 anos de idade.
“Foi no ponto de ônibus com meu irmão. Os policiais nos intimidaram com as armas apontadas e nos fizeram levantar a camiseta na frente de centenas de pessoas. Eu achei que morreria ali. Depois só conseguia chorar!", revelou o empresário.

Anônimos também deram seus relatos para que todos saibam o quanto dói e se perpetua essa discriminação por conta da cor da pele. Um usuário do Twitter, lembrou do dia em que foi acusado de ter roubado um mercadinho.
“Eu tenho medo de abrir bolsa ou pegar coisas do bolso em supermercados porque uma vez um segurança me levou pro 'quartinho' nos fundos e me forçou a comer pimenta dizendo que eu roubei chocolate do mercado”, disse Levi Kaique.

Os casos que estão sendo relatados no Twitter não são os primeiros e não serão os últimos relatos de humilhação e ofensa sofrida por conta do racismo.
Mas com a nova geração tão conectada, os casos de preconceito tem sido mais visíveis e debatidos em todos os âmbitos.
Como aconteceu com a estudante, Ndeye Fatou Ndiaye, de 15 anos, que foi alvo de comentários racistas feitos nas redes sociais por colegas de classe de um dos colégios mais conceituados do Rio de Janeiro.

As mensagens de ofensa a jovem, que é filha do senegalês Mamour Ndiaye, doutor e professor de engenharia elétrica no Cefet-RJ, foram disparadas em um grupo de Whatsapp pelos colegas do colégio Franco-brasileiro.
“1 negro vale uma jujuba, 1 negro vale um pedaço de papelão, 1 negro vale um Trident’, essa foi das mensagens escritas por eles.

Especialistas apontam a necessidade de uma educação antirracista que desconstrua os estereótipos negativos e de inferioridade que são associados às pessoas negras desde a infância.
No Brasil existe uma lei de 2003, que torna obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira na rede pública e privada de ensino. Mas a aplicação da lei é questionada já que nunca existiu uma fiscalização ou penalidade para quem não a cumprisse.