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Com a ajuda da mulher, Marcelo Adnet grava série em sua casa

Longe dos Estúdios Globo por conta da pandemia do novo coronavírus, o humorista transformou seu lar num set de gravação

Criado no Humaitá, humorista confessa ser 'clementiano' de coração
Criado no Humaitá, humorista confessa ser 'clementiano' de coração -

Ambientes caseiros, como o quintal e a sala, são hoje os cenários de gravação de Marcelo Adnet. Longe dos Estúdios Globo por conta da pandemia do novo coronavírus, o humorista transformou seu lar, no Rio, no set de Sinta-se Em Casa, disponível no Globoplay e aberto para não assinantes.

Com direito a exibição no Encontro Com Fátima Bernardes, na Globo, o diário de Adnet é um produto especialmente para o isolamento. "O projeto surgiu em casa, eu já 'quarentenado', com alguns vídeos parodiando a situação política do Brasil. Com vídeos bem curtinhos", diz Adnet.

O Globoplay, então, propôs que ele transformasse aquela experiência num produto para streaming, de segunda a sexta-feira. "Falei: 'Beleza, vamos fazer bem simplinho, faço um minutinho, dois minutinhos de casa'. Só que a crônica do Brasil ficou tão acelerada e tão louca. Temos várias complexidades. Comprei um chroma, já fiz a cena do Super Queiroz estreando o chroma, em cima da mesa da sala", conta o humorista, referindo-se ao quadro em que ele faz Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro, sobrevoando a casa num colchão.

Adnet traz crônicas inspiradas em acontecimentos do Brasil e do mundo. Mas as figuras políticas que ele imita, como o presidente Jair Bolsonaro, são seus principais trunfos. Aliás, Adnet vem se especializando nesse tipo de imitação. Destaque também para a Olimpíada dos Gatinhos, em que registra Romarinho e Princesa simulando modalidades esportivas.

Em tempos de isolamento, Sinta-se Em Casa conta com uma equipe bem reduzida. "Crio tudo: textos, personagens, onde vou filmar, o figurino. A minha mulher, a Patrícia (Cardoso), que é a única que está comigo de quarentena, grava com meu celular e me ajuda também nas caracterizações." Remotamente, estão envolvidos editor e supervisora artística.

 

Produção doméstica

Assim como Adnet, outros humoristas têm se dedicado a projetos que caibam dentro de seus lares: mais enxutos, intimistas, sem megaprodução, usando, inclusive, recursos domésticos, como cenografia e figurino - e seguindo normas de segurança. Paulo Vieira, que encerrou no domingo a série 'Como Lidar?', feita no confinamento para o Fantástico, na Globo, agora se prepara para estrear com Fernando Caruso 'Cada Um No Seu Quadrado', no Globoplay, no dia 3 de julho. Paulo diz que a ideia é tentar criar uma festa, mas com cada um na sua casa.

"Na seleção de convidados, chamamos principalmente amigos, com quem gostamos de conversar, que a gente acha engraçado, para compor a melhor mesa de bar do mundo", diz Vieira. "Está sendo muito divertido gravar isso".

Ataques na internet

Você continua a ser atacado nas redes sociais? Consegue identificar o perfil das pessoas que atacam você?

Sim, continuo. Praticamente 99,9%, sem exagero, são de fiéis apoiadores do presidente, chateados com alguma piada ou com alguma postura minha. Então, não é nada que me surpreenda, não.

Como você acha que o governo federal deveria se posicionar em relação à crise do coronavírus?

Acho que deveria ter assumido a pandemia, deveria o quanto antes ter dedicado verbas para instruir a população sobre o uso de máscaras, uso de álcool gel. Deveria ter um plano para dar mascaras e álcool gel para população carente. Deveria ter feito tudo o que não foi feito. Ficou uma guerra entre a imprensa, que informava, e o governo, que queria desinformar o tempo todo. Uma situação absolutamente patética, de pessoas negando, desprezando a pandemia. É tudo muito triste.

Quais lições você acha que essa pandemia deixará?

Apesar de ser um desastre, a pandemia é também uma oportunidade única de todos nós termos de nos desconectar de tudo, e estabelecer uma vida nova. Talvez alguns erros que cometêssemos no passado não vamos voltar a cometê-los. Acho que vamos ser mais cuidadosos com a higiene, temos tudo para sermos mais altruístas e fazer que a sociedade civil seja capaz de fazer campanhas para apoiar causas, pessoas e comunidades. E muitas reuniões inúteis podem deixar de acontecer. Acho que a gente tem que saber também onde acelerar e onde desacelerar. 

Criado no Humaitá, humorista confessa ser 'clementiano' de coração Victor Pollak/TV Globo
Tony Karlakian (Marcelo Adnet) Globo/Paulo Belote
Marcelo Adnet Globo/Estevam Avellar