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Cuidados com a criançada no novo normal

Quando eu engravidei, em 2018, ninguém me disse que ser mãe é fácil, mas não imaginava que seria tão difícil. Junto com o amor incondicional pelo filho e as alegrias da maternidade, vêm muitas dúvidas, insegurança, medo de errar... E tudo isso (ou quase tudo) será abordado, aos domingos, nesta coluna, que estreia hoje no MEIA HORA trazendo uma entrevista com o pediatra e infectologista da UFRJ Edimilson Migowski sobre cuidados com as crianças durante a pandemia do coronavírus.

Um dos meios de se proteger contra o coronavírus é o uso de máscaras. Mas e em relação às crianças, como os pais devem proceder? Existe uma idade mínima?

A idade mínima não existe, desde que a criança aceite e se adapte. Se é uma criança que tem 3 anos e tem uma boa maturidade para ficar com máscara e foi bem orientada e não está levando a mão ao rosto toda hora, pode ser. Mesma coisa aos 2 anos. Isso vai variar de criança para criança, de acordo com a maturidade da mesma e com o exemplo que ela vê em casa. Se é uma criança muito novinha, que não se adaptou bem com a máscara, o ideal é que você mantenha o distanciamento físico das pessoas, não permitindo que as pessoas se aproximem dela, que fiquem tocando na criança. E a distância mínima de dois metros seria a prudente.

Quando não há a possibilidade de lavar as mãos com água e sabão, a recomendação é fazer a higienização com álcool em gel. O álcool em gel também pode ser usado para higienizar as mãos das crianças?

Em relação à higienização das mãos das crianças, o ideal é que seja feita com água e sabão. Se é uma criança pequenininha, que leva a mão toda hora à boca, as coisas no entorno dessa criança têm que ser higienizadas para evitar que ela, ao tocar em alguma coisa, leve a mão à boca contaminada. Se é uma criança no seu carrinho, que foi higienizado, não há necessidade de ficar fazendo toda hora a higienização das mãos das crianças. Ah, ela botou a mão num brinquedo que caiu no chão, o brinquedo que caiu no chão que tem que ser higienizado. E esse brinquedo você vai higienizar com álcool a 70%. Não precisa nem ser gel, o gel é exclusivo para as mãos da criança e usar de uma forma comedida.

Com o afrouxamento do isolamento social, as pessoas estão voltando a sair nas ruas, famílias se reencontrando. Já é hora de sair com as crianças de casa?

Hoje já sabemos que o vírus em criança não tem sido agressivo, sabemos que medicar precocemente com Nitazoxanida, por exemplo, traz resultados surpreendentes. Temos os médicos bem capacitados para o diagnóstico precoce e o tratamento precoce. Esse é o momento de manter a atenção, mas começar a flexibilizar, até por conta da saúde mental das crianças e dos adultos e por conta de outras enfermidades, que, provavelmente, o confinamento vem adiando seu diagnóstico.

No caso de levar os filhos para dar um passeio rápido, quais os locais mais indicados para ir e quais os cuidados devem ser tomados?

O ideal é buscar espaços abertos, passeios em calçadões, parques públicos, praças, de preferência evitando aglomeração, mantendo o distanciamento e evitando aqueles horários de maior pico. É interessante a criança pegar um pouco de sol pela manhã, ter atividade ao ar livre, minimizar o estresse, até porque o estresse baixa a imunidade. Então, a gente sendo comedido nessa busca ao ar livre, em contato com a natureza, acaba sendo algo mais benéfico do que maléfico em termos da Covid-19. Mas buscando o distanciamento.

É arriscado descer com as crianças para brincar no play ou área de lazer do prédio? É preciso higienizar os brinquedos e equipamentos comuns do prédio que a criança vai brincar antes de usar?

O vírus tem possibilidade de se manter viável nos brinquedos, no escorrega, gangorra. Se a mãe puder levar seu pulverizador de álcool a 70%, é bom. Ou manter a higienização das mãos das crianças, levar baldinho com água e sabão, solução que possa higienizar a mão das crianças. O ambiente é óbvio que o vírus pode se manter viável, mas é pouco provável que se mantenha viável por muito tempo num espaço aberto, ensolarado, aquecido. O vírus pode se manter viável por mais tempo em ambientes mais confinados, com umidade mais apropriada, numa temperatura mais amena, longe da luz do sol. A gente tem que começar a ficar menos neurótico com essa questão da Covid-19. Menos neurótico e mais atento aos sinais de sintomas e para iniciar o tratamento precocemente.

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