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SAIBA COMO LIDAR COM A PIRRAÇA DOS FILHOS

Está tudo indo muito bem até que, de repente, a criança começa a chorar, grita, atira o brinquedo longe, se joga no chão... Quando menos se espera, lá está o pequeno fazendo aquela pirraça. Em entrevista à coluna, Sophia Blanco Gaiarim, pediatra da Clínica Mantelli, explica que a birra faz parte do desenvolvimento infantil e dá dicas de como lidar com os momentos de pirraça dos filhos.

Por que todas as crianças, inclusive bebês, fazem pirraça? Existe uma explicação para esse comportamento em comum entre elas? Acontece em alguma faixa etária específica?

A gente chama de pirraça essa irritação que a criança tem, frustração, dificuldade de lidar com alguma situação. Ou com não ganhar alguma coisa que ela queria ou com a gente não fazer algo que elas queriam que a gente fizesse ou a gente não atender as expectativas dela. Só que ela não sabe lidar com essa emoção. Então, ela chora, ela grita, ela esperneia, ela tem esse tipo de comportamento. É comum, é normal, faz parte do desenvolvimento da criança. A idade mais comum que costuma aparecer é por volta dos 2 anos. Claro que tem bebês que começam antes, tem bebês que começam depois e tem bebês que não têm. Mas, no geral, é perto dos 2 anos que é a chamada adolescência dos bebês, que a gente chama de terrible two (terrível dois, em inglês). O terrible two é uma fase que a criança está se descobrindo como pessoa, ela está descobrindo que tem vontades diferentes das vontades dos pais. E quando as vontades deles não são atendidas, eles ficam frustrados, eles choram, eles gritam, eles se jogam. É a maneira que eles têm de lidar com essa negação. Eles não sabem segurar o sentimento, eles não sabem lidar com raiva, com as emoções. Então, chora, grita, se joga. Essa é uma reação normal da criança.

Tem como evitar esses momentos de pirraça?

Para evitar esses momentos de pirraça, não adianta também fazer todas as vontades e também não adianta a gente querer ficar deixando de castigo. Eu sou contra o castigo. Eu acho que, para evitar as pirraças, é o tempo, que vai passar, e é conversar com a criança. Toda vez que ela tiver uma crise, sentar, conversar, tentar entender o sentimento, fazer ela entender o que ela está sentindo e como ela pode lidar com isso. Então, tem algumas maneiras: 'Ah, você está com raiva, o que a gente pode fazer para te acalmar?'. De repente, em vez do cantinho do castigo, fazer o cantinho da calma. Então, tem criança que, de repente, pode sentar, ler um livro, pintar um desenho, rabiscar numa lousa ou tem criança que quer ficar quietinha no canto dela.

Como os pais devem lidar com os momentos de pirraça dos filhos?

Eu acho que a melhor maneira de lidar com essas birras e pirraças dos filhos é a gente não tentar gritar e disputar autoridade. Tem criança que, na hora da raiva, ela quer ficar ali e quer extravasar, não adianta você querer conversar também que ela vai se irritar. Então, deixa essa criança se acalmar, mostra para ela que você está ali, acolhe ela e fala: 'Você quer um abraço, você quer conversar?'. E se a criança falar não, respeite. Não adianta brigar, xingar, querer gritar mais alto que a criança. Porque como é que a gente vai falar para a criança não gritar, não espernear, não dar chilique, se a gente está fazendo isso. Então, se a criança está gritando, xingando, você fala: 'Não grita, não chora'. Você está gritando, né. Eu acho que a melhor maneira é sentar, tentar conversar, tentar entender e mostrar para ela que você entende que ela está sentindo aquela frustração, aquela raiva, aquela tristeza, mas que tem outras maneiras que ela pode lidar.

O que os pais não devem fazer na hora da birra?

Na minha opinião, o que não fazer na hora da birra é não gritar, não querer disputar autoridade, não mandar de castigo, não fazer ameaças. É tentar, realmente, acolher, entender e fazer a criança entender o que ela está sentindo e fazer ela tentar aprender a lidar com aquele sentimento.

Quais dicas você dá para os pais manterem a calma e não perderem a paciência nestes momentos de pirraça dos filhos?

Uma dica que eu dou para os pais é respirar fundo e pensar que, se você quiser gritar, se você entrar na birra junto com a criança, vai ser pior. Então, o ideal é você ir conversando. Respira fundo e não entra na birra junto. A criança não está fazendo isso para te testar, não está fazendo isso para te contrariar. Ela está fazendo isso porque ela não sabe lidar com aqueles sentimentos dela. Então, se você se mostrar do lado dela, acolhendo, ela vai, talvez, se acalmar e começar a aprender a lidar com aquele sentimento.

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