Merenda sob suspeita em Japeri

TCE-RJ encontra ind�cios de superfaturamento na compra de merenda escolar pela prefeitura de Japeri; produtos foram adquiridos por at� 189% acima do pre�o

Por C�ssio Bruno (interino)

Rio - O Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ) encontrou vários indícios de superfaturamento na compra de produtos para a merenda escolar pela prefeitura de Japeri, na Baixada Fluminense, no ano letivo de 2017. O município fechou contrato emergencial (ou seja: sem licitação) com a DN Grill Produtos Alimentícios Ltda. Coisa de R$ 2,2 milhões pelo prazo de 90 dias.

A empresa, com sede no bairro Engenheiro Pedreira (Japeri), tem como sócios Daniel Rodrigues das Neves e Diogo Luiz Rosa Marinho, amigos do prefeito Carlos Moraes (PP). A presidente do TCE-RJ, Marianna Willeman, declarou ilegalidade na compra das mercadorias.

Inflacionado

Ao todo, o TCE-RJ identificou valores acima do mercado em 30 mercadorias. A farinha de aveia, por exemplo, foi adquirida pelo preço 186,9% maior. No biscoito maizena, a prefeitura pagou 67,5% mais caro. No feijão carioca o acréscimo chegou a 76,2%. O sal, por sua vez, registrou alta de 53%, diz o tribunal.

Condenado

A secretária de Educação de Japeri, aliás, é Roberta Bailune. A mesma da gestão anterior do ex-prefeito Ivaldo Barbosa dos Santos, o Timor (PSD). Em 2013, ele foi condenado pelo mesmo TCE-RJ a devolver R$ 3 milhões por desvios na merenda dos alunos.

Nota baixa

A rede municipal de educação de Japeri tem 16 mil alunos em 33 escolas. Os estudantes do ensino fundamental tiveram nota média de 4,4 no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), em 2015. O resultado deixou a cidade em 87º lugar de um total de 92 no estado.

Outro lado

Daniel Rodrigues das Neves negou irregularidades. Afirmou que a DN Grill passa por auditoria do TCE-RJ. Ele disse não ter amizade com Carlos Moraes. Diogo Luiz Rosa Marinho declarou não ser amigo do prefeito. A prefeitura informa que "todos os procedimentos legais foram adotados".

Contradição?

Em entrevista ao Informe terça-feira, o deputado federal Pedro Paulo (DEM-RJ) fez duras críticas ao até ontem aliado Pezão (MDB). Mas... o enteado do governador, Roberto Horta Jardim Salles, é nomeado no gabinete do parlamentar. Roberto advogou para a Delta, cujo ex-dono é Fernando Cavendish, enrolado na Lava Jato.

Pode isso, Arnaldo?

O Avante (ex-PTdoB) aprovou nas prévias de anteontem apoio a Eduardo Paes (DEM) ao governo do Rio. Até aí tudo bem. Mas o presidente regional do partido, Vinícius Cordeiro, veja só, também está lotado no gabinete de Pedro Paulo, aliado inseparável do ex-prefeito.

Marielle presente

Marcello Siciliano (PHS), vereador apontado por uma testemunha como um dos mandantes do assassinato de Marielle Franco (ele negou), teve um projeto de lei aprovado ontem: a criação de polo gastronômico numa região do Recreio, que prevê mais vagas de estacionamento, entre outras melhorias.

Terreirão

O polo gastronômico é vizinho à Favela do Terreirão, controlada, segunda a polícia, pelo ex-PM Orlando Curicica. O delator disse ter presenciado conversa entre Siciliano e o miliciano para tramar a morte da vereadora.