Nos mais de 80 quil�metros de praias na cidade do Rio, uma triste realidade demonstra o total descaso com a natureza. Por dia, mais de 120 toneladas de lixo s�o recolhidas das areias cariocas, o que representa apenas uma parte do cen�rio de polui��o. Despejo irregular de esgoto, por falta de saneamento b�sico, e vazamento de �leo contribuem para o que, atualmente, � o retrato da orla. E o saldo � preocupante: na primeira quinzena de abril, 61% das areias das praias do Rio foram classificadas como n�o recomendadas, a �ltima escala de quatro n�veis, por conta sujeira.
Nas �guas a mesma polui��o se repete. No m�s passado, 49% das praias estavam impr�prias para o banho por conta da quantidade de coliformes fecais, segundo levantamento do Inea. Uma delas � a Pitangueiras, na Ilha do Governador, que, no dia 28 de abril, foi cen�rio da mortandade de 6,4 toneladas de sardinhas. Para limpeza, a Comlurb empregou 16 garis, com apoio de um caminh�o compactador e um poliguindaste.
"Em geral, a mortandade de peixe � polui��o, vazamento de �leo e pode ser tamb�m pesca de arrasto (com rede)", destacou S�rgio Ricardo, ecologista, gestor ambiental e membro fundador do movimento Ba�a Viva. No mesmo dia da mortes das sardinhas, integrantes do Ba�a Viva fizeram uma a��o de mobiliza��o pela conserva��o das praias na Pitangueiras. O ato, chamado SOS Praias, tem calend�rio intenso e os pr�ximos eventos est�o sendo planejados para o Leme e Paquet�.
No �ltimo monitoramento da qualidade das areias, de 1 a 15 de abril, feito pela Secretaria Municipal de Conserva��o e Meio Ambiente, apenas duas praias Barra de Guaratiba e Grumari foram classificadas como �timas. Segundo a pasta, a areia n�o recomendada � estabelecida principalmente pela presen�a de lixo, que s� aos domingos, s�o 195 toneladas de res�duos recolhidos em toda orla. A orienta��o nesses casos � para n�o sentar ou deitar diretamente na areia e, se tiver ferimentos, deve ser feito curativo.
De acordo com S�rgio Ricardo, a polui��o no litoral gera impactos irrevers�veis. "Tem a redu��o da atividade pesqueira e a extin��o de esp�cies marinhas, graves problemas de sa�de p�blica e a perda de empregos e de receitas pelas cidades que dependem da cadeia produtiva do turismo".
O bi�logo indica quatro pontos para reverter a polui��o nas praias: sinaliza��o ecol�gica com placas sobre as condi��es de balneabilidade; conclus�o das obras dos troncos coletores de esgoto, parada h� 23 anos; implementa��o do Plano Municipal de Saneamento B�sico e participa��o das universidades no monitoramento independente da qualidade das �guas e areias.
