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Após decepção com reforços, Palmeiras confia em cartilha para os atacantes da base

Orientação encoraja os jovens jogadores da posição a terem características de drible, como ocorre com Gabriel Veron

Miguel Borja (E) e Alejandro Guerra podem pintar no Botafogo
Miguel Borja (E) e Alejandro Guerra podem pintar no Botafogo -
A deficiência em atacantes velozes e dribladores pelos lados foi detectada no Palmeiras logo após o título brasileiro de 2018, ainda pelo técnico Luiz Felipe Scolari. Chegaram Carlos Eduardo e Felipe Pires, que não resolveram. Atualmente, a diretoria não tem conseguido reforços no setor. E a solução, então, passa a ser uma filosofia das categorias de base, que encoraja jogadores da posição a terem essas características, como ocorre com Gabriel Veron.

"Temos um caderno de orientação construído por todos, depois de 30 horas de reunião, para sabermos por onde vamos e o que procuramos, por posição e estilo. Desde lá de baixo e do futsal, pedimos para deixar o um contra um, mesmo se errar. É para o sistema defensivo estar preparado para isso, porque é ali que será decidido o jogo e se terá destaque. Falamos: 'vai, erra', 'Veron, vai para dentro, pode errar'. Claro que erram, mas tentando decidir o jogo", contou João Paulo Sampaio, coordenador da base do clube.

O Palmeiras procurou o Goiás a respeito de Michael, mas, por enquanto, o negócio não andou. E a realidade é que Vanderlei Luxemburgo começará a pré-temporada com Gabriel Veron e Iván Angulo, promovidos das categorias de base do clube, e Wesley, formado no Verdão e de volta de empréstimo do Vitória com a condição de um dos maiores dribladores da Série B, como alternativas a Dudu e Carlos Eduardo.

É a chance para os jovens serem solução. Em sua entrevista coletiva ao se apresentar ao Palmeiras, Luxemburgo deixou claro que pretende valorizar os dribladores, característica que atribui para explicar os títulos do futebol brasileiro na história. Por isso, a cartilha da base pode ser útil.

"Para jogar no Palmeiras, que enfrenta times mais fechados, é necessário ter um jogador que ache espaço. Com Veron, Wesley e Angulo, o elenco estará bem servido com esses jogadores de lado. Cultivamos muito no Palmeiras que o jogador precisa encarar, ir para o drible, pode perder. Indicamos para os treinadores que é esse tipo de jogador que o mundo quer e o que procuramos, o jogador que quebra linhas. Por isso, Veron chama atenção, Dudu vira ídolo...", explicou João Paulo Sampaio.

"Jogadores com essa característica o Palmeiras tinha com o Fernandinho (formado na base e negociado com o ucraniano Shakhtar Donetsk) e o Keno, que foram vendidos em 2018. Estava procurando, não deu certo com alguns que vieram, como acontece até com alguns meninos que apostamos na base. Mas temos por característica sermos agressivos e ter esses jogadores. É a característica que buscamos e incentivamos", prosseguiu.

Em momento sem apostar em investimentos tão altos, o Palmeiras busca em sua base soluções que o mercado já observou. O Red Bull Bragantino, por exemplo, fez proposta de 6 milhões de euros (aproximadamente R$ 27 milhões) por Artur, que, a princípio, estava nos planos de Luxemburgo. E ficam como opções garotos também procurados por equipes do Brasil e do exterior.

"Temos atletas de lado de campo no profissional e com mercado. Angulo já teve proposta muito boa depois da Copa do Mundo sub-20, Wesley tem e Veron nem se fala. São dribladores e jogadores que não são fáceis de encontrar no mercado. Temos isso como escola e casa muito com o que o Palmeiras quer e necessita e com o que o Luxemburgo gosta. Não à toa, o jogador é o grande ídolo por ter esse recurso", indicou Sampaio.