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Projeto social leva surfe a jovens de comunidades

Rocinha Surfe Escola tenta acabar com fama de "esporte de playboy" e formar campeões como Ítalo Ferreira

Instrutor de surfe Ricardo Bocão
Instrutor de surfe Ricardo Bocão -

Da origem humilde ao topo do surfe, Ítalo quebra o estereótipo de "esporte de playboy". Ainda que o investimento para pegar as primeiras ondas seja alto, há quem trabalhe para popularizar a sensação de flutuar sobre as ondas, como o instrutor Ricardo Bocão, de 50 anos, criador do Rocinha Surfe Escola, projeto que oferece aulas gratuitas na praia de São Conrado, na Zona Sul do Rio.

Apresentado ao surfe com 16 anos, Ricardo, morador da Rocinha, recebeu sua primeira prancha em troca de um videogame e logo se apaixonou pelo esporte.  Se grandes pretensões de competir, ele concentrou esforços em ensinar o surfe a jovens de comunidades a partir década de 90, sem cobrar nada daqueles que dificilmente teriam algum contato com as pranchas sem a sua ajuda.

Além das aulas grátis, o projeto oferece aulas de inglês, passeios ecológicos e muito mais. No total, são 48 vagas para alunos entre 6 e 16 anos,  todas já ocupadas, com direto até a equipamento completo fornecido pela escola, o que representa uma economia de cerca de R$ 1.200, de acordo com Ricardo. Em troca, ele só recebe o sorriso da garotada e ainda dá um presente

"Nunca cobrei um real de nenhuma criança. No fim do treinamento, que dura um ano, o aluno recebe uma prancha de presente e continua tendo apoio para o caso ela quebre", conta o idealizador do projeto.

Cada matrícula tem direito a um ano de aulas, mas pode optar por continuar no grupo depois do período. Já os interessados que não conseguem vaga precisam entrar na lista de espera por uma oportunidade. A concorrência é grande, com presença até de moradores de outros municípios, como Duque de Caxias. 

 

Embora o surfe esteja mais em alta do que nunca no Brasil, manter o projeto a todo vapor não tem sido tarefa. Sem patrocinador, a iniciativa só continua de pé por causa de doações, como roupas e pranchas usadas ou até quebradas, que podem ser reaproveitadas. Para arcar com os custos, Bocão precisou até arrumar um emprego por fora.

Tive que arrumar um emprego por causa da pandemia e uma desapropriação que a gente teve. Tive que alugar uma casa pra poder guardar as coisas, inclusive 320 pranchas que a gente tinha. Tivemos que nos desfazer de algumas e umas foram roubadas", conta Ricardo.

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