Integrantes da situação do São Paulo 'largam mão' de Casares e preparam pedido de afastamento
Por Agência Estado
Publicado em 23/12/2025 21:44:50O presidente do São Paulo, Júlio Casares, tem perdido cada vez mais o apoio que tinha na coalizão que o elegeu para dois mandatos no clube. Após um movimento da oposição pedindo seu afastamento, conselheiros que o apoiavam também preparam uma ação contra o dirigente.
Segundo apurou o Estadão, ao fim da tarde desta terça-feira, integrantes do Conselho Deliberativo são-paulino que apoiavam o presidente se tornaram dissidentes e assinaram documento pelo afastamento.
Ao todo, são pelo menos 80 conselheiros que já formalizaram o desejo de que Casares saia do cargo. Isso porque a oposição reuniu 58 assinaturas em um primeiro pedido de afastamento.
Entre os dissidentes de Casares estão duas figuras que foram importantes durante a gestão. Uma delas é Carlos Bemonte, ex-diretor de futebol que deixou o cargo próximo do fim da temporada e tem intenção de concorrer na eleição presidencial de 2026. O documento da oposição contém assinaturas do grupo Legião, do qual ele faz parte.
Outro nome é o de Vinicius Pinotti. Ele já foi diretor-executivo do São Paulo e atuava como consultor da presidência, mas rompeu o laço após a divulgação de que a Polícia Civil investiga diretores por supostos desvios em vendas de atletas. Pinotti também é possível candidato para a eleição presidencial de 2026 no clube.
Uma votação de impeachment depende de o presidente do Conselho Deliberativo do São Paulo, Olten Ayres, convocar uma reunião extraordinária sobre o tema. Isso pode acontecer em até 30 dias após o recebimento dos pedidos de afastamento.
Antes deste encontro, é preciso que o Conselho Consultivo valide a pauta. O órgão é composto por nomes que já passaram pela presidência do São Paulo ou do Conselho Deliberativo, incluindo Olten e Casares e os presidentes mais recentes Carlos Augusto de Barros e Silva (Leco) e Carlos Miguel Aidar
Se de fato o impeachment for levado a votação, é preciso que haja voto favorável de maioria qualificada, dois terços do Conselho (171 votos dos 255 possíveis) para impor um afastamento provisório do presidente.
Depois, em até 30 dias após a votação do Conselho, uma Assembleia Geral de sócios do clube deverá ser instituída para ratificar a decisão do Conselho Deliberativo. Nesta instância, basta maioria simples.
Se Julio Casares for destituído, quem assume a presidência do São Paulo é o vice-presidente Harry Massis Junior até a eleição de 2026. No clube do Morumbi, a votação para presidente é indireta. São os conselheiros que elegem o novo mandatário.
ENTENDA A CRISE POLÍTICA NO SÃO PAULO
Em situação financeira complicada, o clube tinha uma coalizão forte que sustentava a gestão de Júlio Casares. A saída de Carlos Belmonte fragilizou a situação, mas ainda não impediu, por exemplo, que o próprio ex-diretor aprovasse o orçamento da gestão para 2026.
Entretanto, a instabilidade cresceu depois de episódios recentes. O primeiro foi o vazamento de um áudio que revelava um esquema clandestino de comercialização de um camarote no MorumBis em noites de shows.
Mara Casares e Douglas Schawrtzmann, diretores flagrados na gravação, se afastaram dos cargos. O Ministério Público de São Paulo pediu a abertura de um inquérito policia, enquanto o São Paulo abriu sindicâncias (interna e externa) para apuração.
Em paralelo, a Polícia Civil de São Paulo passou a investigar diretores por supostos desvios de verba em vendas de atletas do clube.
Os escândalos criaram tensão na gestão são-paulina e possibilitaram que a oposição se fortalecesse para pedir o afastamento de Casares e visar a eleição de 2026.