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Mundial faz torcedores do Flamengo despertarem as atenções para a cultura do Oriente Médio

Torneio disputado em Doha descortina diferenças e semelhanças entre Brasil e países árabes

Marcelo Gonçalves exibe a foto da mulher: homenagem em Doha
Marcelo Gonçalves exibe a foto da mulher: homenagem em Doha -
Famosa pela novela 'O Clone' (2001), da TV Globo, a expressão Insha'Allah virou bordão, mas é o único contato de boa parte dos brasileiros com a língua árabe. O termo, que na tradução significa 'se Alá quiser', vai bem com o desejo dos rubro-negros de passar pelo Al Hilal (Arábia Saudita) hoje, às 14h30, na semifinal do Mundial no Catar. Insha'Allah conquistar de novo o planeta.
O torneio é uma boa oportunidade de os torcedores conheceram a língua árabe, completamente diferente do nosso português. Carioca e rubro-negra, a professora de árabe Aline Oliveira traduziu para o MEIA HORA a famosa frase 'Hoje tem gol do Gabigol'. Como o árabe se escreve da direita para a esquerda, o Gabigol vem primeiro na nossa leitura latina, da esquerda para a direita.
Capa do Meia Hora: Gabigol em árabe - REPRODUÇÃO
"Esse fato, em geral, é facilmente vencido pelos alunos. Inclusive, essa diferença ajuda muito o cérebro a criar novas conexões neurais. Em duas semanas você pode aprender a falar frases básicas, como por exemplo 'bom dia', 'boa tarde', 'como você vai?', mas aprender mesmo uns quatro ou cinco meses para não confundir as letras", disse Aline, que dá aulas na Cidade das Artes, na Barra, aos sábados. "O que causa o estranhamento é o alfabeto. Muitos alunos nas primeiras aulas chamam as letras árabes de desenhos", comentou. A professora pontuou ainda alguns cuidados que os torcedores que estão em Doha devem ter.
"Como o Catar é um país de maioria muçulmana, é preciso ter o cuidado em relação ao toque com as mulheres. Lá é bem diferente do Brasil, que já chegamos dando dois beijinhos no rosto. Não é aconselhável", afirmou.
Bico seco e alegria da torcida em Doha
Se a língua mostra diferenças brutais entre Brasil e Catar, a simpatia é um laço de união. Os rubro-negros que estão no país para acompanhar o Mundial foram recebidos com festa. Marcelo Gonçalves, que chegou no fim de semana, já deixou até de pagar conta. O único problema é a restrição de molhar o bico. "Em duas oportunidades fomos surpreendidos por algum líder que não permitiu que nós pagássemos a conta. Disse que seria cortesia do país deles", comemorou o torcedor, antes de lamentar a 'lei seca': bebida alcoólica é permitida apenas em locais específicos, como as fan fests, e custa cerca de 30 dólares (R$ 121). "Certamente a restrição de bebida alcoólica acho que é a diferença a mais sentida", ponderou. A comida não é um obstáculo. "Mistão de kafta, frango e carneiro, com pão árabe liberado".
Marcelo Gonçalves exibe a foto da mulher: homenagem em Doha ARQUIVO PESSOAL
Aline Oliveira ARQUIVO PESSOAL
Capa do Meia Hora: Gabigol em árabe REPRODUÇÃO