Série revisita centenário do Flamengo, os “bad boys” e retrata futebol carioca nos anos 90
Por Jogada10
Publicado em 21/12/2025 12:05:18O futebol do Rio vive hoje um período de conquistas expressivas, mas a memória coletiva insiste em voltar aos anos 90. É nesse terreno afetivo que a série documental ‘1995 — No tempo dos bad boys’, com estreia nesta segunda-feira, se apoia. A produção vai ao ar às 22h no SporTV e se baseia nesse ano para condensar o espírito de uma década de nomes fortes.
A obra sustenta que 1995 sintetiza um período em que o futebol carioca voltou a ocupar o centro da vida cultural da cidade. O cenário reunia estrelas internacionais, disputas simbólicas dentro de campo, clubes endividados e um ambiente social atravessado por tensões. Tudo somado a uma relação intensa entre torcida, música e espetáculo.
Segundo Chico Trigo, diretor e especialista em formatos esportivos do Globoplay, o projeto nasceu da percepção de que havia uma demanda recorrente por revisitar aquela década. “De tempos em tempos, nós ficamos com saudade de uma década específica. E a gente sentia, nas nossas reuniões e conversas de redação, essa vontade de falar dos anos 1990”, afirmou.
Centenário do Flamengo
A produção analisa personagens e todo contexto social e esportivo da época, usando o centenário do Flamengo como fio narrativo. A partir deste contexto, inicia uma discussão sobre a importância do futebol na cidade do Rio de Janeiro em meados da década de 1990.
“A volta do Romário, essa disputa do rei do Rio, o Túlio como grande goleador do futebol brasileiro… Tivemos o Renato Gaúcho como aquele cara mais midiático. Tudo isso fez o futebol voltar a ser pulsante no Rio. Resgatou um pouco a imagem da cidade, que estava manchada. Só se falava em violência e em arrastão”, disse Trigo.
Originalmente, a série mirava apenas o centenário rubro-negro, comemorado em 1995, nesse contexto de episódios intensos. Além da chegada de Romário poucos meses após a conquista da Copa de 1994, o clube ainda lidou com conflitos com Vanderlei Luxemburgo, contratou Edmundo e teve até o radialista Washington Rodrigues, o Apolinho, no comando técnico.
Mudança de foco, e o futebol carioca
Enquanto isso, Fluminense e Botafogo conquistaram, respectivamente, o Campeonato Carioca — com o histórico gol de barriga de Renato Gaúcho — e o Campeonato Brasileiro. Esses feitos ampliaram o olhar da produção para uma visão mais ampla do futebol carioca, embora tenha mantido o Rubro-Negro como eixo central da narrativa.
Dividida em três episódios, a série terá o segundo capítulo exibido na terça-feira (23), às 22h, e o terceiro na quarta, às 20h. Todos os episódios ficam disponíveis posteriormente no Globoplay.
Globo foca no extracampo
Além do recorte esportivo, a produção propõe uma leitura mais ampla sobre as transformações do futebol e das arquibancadas no Rio. Os clubes, que nos anos 90 ainda competiam apesar das dívidas, enfrentariam um longo período de dificuldades no início do século seguinte, antes de retomarem protagonismo com novas estruturas financeiras.
Já nas arquibancadas, uma mudança definitiva. A série mergulha no processo de transformação do funk carioca em trilha sonora frequente nos estádios, em cantos nas arquibancadas. Músicas como “Dança da bundinha”, “Rap da cabeça” e o “Rap do centenário” ecoavam de forma habitual em jogos de 1995.
O documentário ainda reúne depoimentos de personagens que protagonizaram aquela temporada, como Romário, Túlio Maravilha, Renato Gaúcho, Joel Santana e Kleber Leite. Edmundo e Vanderlei Luxemburgo optaram por não participar.
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