Ex-militares d�o aulas t�ticas para traficantes
Vagabundos pagam at� R$ 5 mil por hora para aprender, por exemplo, a usar armas
A utiliza��o de t�cnicas militares por criminosos � apontada em relat�rios da PM e das For�as Armadas como um dos obst�culos a enfrentar em territ�rios conflagrados. Segundo reportagem do jornal 'O Estado de S. Paulo', instrutores com conhecimento adquirido em unidades militares, como ex-paraquedistas e ex-fuzileiros navais, recebem de R$ 3 mil a R$ 5 mil por hora de aula, quando ensinam tamb�m a manusear armas de uso restrito, como fuzis e pistolas.
"A pr�pria utiliza��o de barricadas, refor�adas com cimento em ton�is, � uma pr�tica militar. PMs das UPPs utilizam esses tipos de ton�is para proteger bases no Complexo do Alem�o, por exemplo", afirmou um oficial do Comando de Pol�cia Pacificadora, que preferiu n�o se identificar.
Desde 2013, a Secretaria de Seguran�a P�blica realiza relat�rios que apontam tanto ex-militares das For�as Armadas quanto ex-policiais que passam a praticar crimes ou treinar traficantes para confrontos com policiais.
"A Pol�cia Militar frequentemente estoura acampamentos na mata utilizados por traficantes em S�o Gon�alo e na �rea da Floresta da Tijuca. A chamada seguran�a do bonde do Marreta e do Da Russa (apelidos de traficantes) se locomove pela mata, da Covanca at� Quintino, e fica dias na mata. Para se viver na mata � necess�rio um conhecimento diferenciado nessa �rea, um conhecimento t�cnico", ressaltou o porta-voz da PM, major Ivan Blaz.
Dois sargentos da ativa presos recentemente
N�o s�o apenas ex-militares que se juntam � bandidagem. Dois casos recentes chamaram a aten��o por envolverem militares da ativa. No dia 20 de outubro de 2017, o sargento do Ex�rcito Carlos Alberto de Almeida, de 46 anos, foi preso pela Pol�cia Civil, na Favela da Cor�ia, em Senador Camar�, na Zona Oeste. Ele � acusado de ser o maior armeiro do tr�fico do Rio.
Na oficina do sargento, que era equipada com maquin�rio moderno para conserto e customiza��o de armas, foram apreendidos sete fuzis, seis pistolas, diversas pe�as para armas, acess�rios, carregadores e muni��es. Segundo a pol�cia, Carlos Alberto trabalhava, h� pelo menos dez anos como armeiro para os chefes do tr�fico do TCP na Vila Alian�a, Coreia, Vila dos Pinheiros, Parada de Lucas, Serrinha, Dend� e favelas da Baixada Fluminense.
No dia 18 de janeiro deste ano, agentes da Pol�cia Rodovi�ria Federal (PRF) e da Delegacia Especializada em Armas, Muni��es e Explosivos (Desarme) prenderam o sargento do Ex�rcito Renato Borges Maciel, de 40 anos, lotado em Foz do Igua�u, no Paran�. Ele foi flagrado na Rodovia Presidente Dutra com 19 fuzis, 41 pistolas, al�m de carregadores e 54 tabletes de pasta-base de coca�na. O arsenal estava em um carro com placas e logotipo falsos do Ex�rcito. Renato estava fardado.
Para sufocar policiais
A Pol�cia Civil aponta uso de t�ticas de guerrilha pelos traficantes. Agente da Delegacia de Combate �s Drogas (Dcod) disse, em agosto, que coquet�is molotov s�o atirados nos blindados. "N�o danifica a lataria e eles sabem disso. O objetivo � sufocar os policiais com a fuma�a." Na reportagem de O Estado de S. Paulo, oficial com experi�ncia no Haiti afirmou que "n�o h� gente de ponta entre esses marginais". Procurado, o Comando Militar do Leste n�o se manifestou.
Campos de treinamento
H� cinco anos, campos de treinamentos m�veis foram detectados nos morros da Mangueira, dos Macacos, Jacarezinho e Rocinha; al�m dos complexos do Alem�o e da Penha. Na invas�o da Rocinha, em setembro, um relat�rio da PM que investiga a movimenta��o de traficantes do Morro de S�o Carlos para a favela S�o Conrado aponta "ind�cio de treinamento militar" do grupo.