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Família usava empresas laranjas para sonegar mais de R$ 300 milhões

Família Monteiro era a maior beneficiária das operações ilegais. O grupo, explica o promotor Eduardo Campos, tem duas empresas principais, e usava outras nove para arcar com a carga tributária dos negócios

Por Beatriz Perez

Publicado em 17/07/2019 17:03:08 Atualizado em 17/07/2019 17:03:08
O contador português Luiz Felipe da Conceição Rodrigues foi preso em casa, em um condomínio de luxo na Barra
Uma família usava empresas laranjas para deixar de pagar, nos últimos 10 anos, R$ 300 milhões ao Estado do Rio em ICMS. O esquema foi desvendado pela Secretaria Estadual da Fazenda há cerca de 1 ano e meio, e desarticulado pelo Ministério Público do Rio, que prendeu nesta quarta-feira cinco acusados. Uma mulher ainda precisa ser presa. O promotor Eduardo Campos, responsável pelo caso, acredita que ela esteja viajando. 
Os alvos de prisão preventiva são Gilberto Sebastião Monteiro, 60 anos, dono das empresas; seus dois filhos, Lidiane Mendonça Monteiro Catramby, 37, e Thiago Mendonça Monteiro, 33; a mulher de Gilberto, Maria Eliza Mendonça Monteiro; o contador do grupo, Luiz Felipe da Conceição Rodrigues, 68, apontado pelo MP-RJ como o principal mentor do esquema; e João Vicente Teixeira Lacerda, 43, que também operava o esquema. 
A família Monteiro era a maior beneficiária das operações. Eles, explica o promotor Eduardo Campos, têm duas empresas principais, cujo principal serviço é importar e distribuir alimentos congelados, em especial, batata frita congelada, para mercados e afins. As empresas em questão são a 'Havita Importação e Exportação Ltda' e a 'Golden Br Importadora e Exportadora Ltda'.
"Além destas empresas, a família mantinha outras nove em nome de laranjas, que também foram denunciados por participação criminosa e falsidade ideológica e contra a ordem tributária", conta Campos.
Essas outras empresas suportavam toda a carga tributária das duas principais. "O Fisco autuava esses valores e as pequenas empresas eram impedidas de funcionar", conta o promotor Eduardo Campos. As pessoas sem capacidade econômico-financeira que faziam o papel de laranjas, também recebiam um valor mensal por participar do esquema. 
O promotor Eduardo Campos informa que as investigações vão prosseguir para apurar outros crimes tributários cometidos pela empresa, além da utilização deste modelo de sonegação em outros grupos empresariais. O promotor também esclareceu que não se tem notícia de que os denunciados mantinham contrato com empresas ou gestões públicas. 
O Ministério Público também vai tentar recuperar os R$ 305 milhões sonegados. "Já existe uma cautelar fiscal e uma execução fiscal feitas pela Procuradoria-Geral do Estado para recuperara esse valor, reconhecendo o grupo econômico e atribuindo a eles a responsabilidade do crime", conta o Campos. 
 

Os alvos da operação:
1. Gilberto Sebastião Monteiro, 60 anos: Preso
2. Thiago Mendonça Monteiro, 33 (filho de Gilberto): Preso
3. Lidiane Mendonça Monteiro Catramby, 37 (filha de Gilberto): Presa
4. Luiz Felipe da Conceição Rodrigues, 68: Preso
5. João Vicente Teixeira Lacerda, 43: Preso
6. Maria Eliza Mendonça Monteiro, 60 (mulher de Gilberto): Procurada
 
As empresas do grupo são:
. Somar 9 Distribuidora de Alimentos Ltda.
. Dubai 10 Empresa de Alimentos Ltda.
. Havita Importação e Exportação Ltda.
. Angus Brasil Distribuidor de Produtos Alimentícios Ltda.
. Golden Br Importadora e Exportadora Ltda.
. Alimix Logística Distribuidora Ltda.
. Pacíficos Central Distribuidora e Logística Ltda.
. Haragano Distribuidora de Alimentos Ltda.
. Winners Distribuidor de Alimentos EIRELI
. Brokers Alimentos Ltda.
. Astros Distribuidora de Produtos Alimentícios EIRELI
"Apesar de possuírem cadastros independentes, foram constituídas e fazem, de fato, parte do grupo Golden Foods, estruturado com o objetivo de fraudar a fiscalização tributária pela prática sistemática de engenhosas fraudes ao fisco", o MPRJ afirma.