Um rapaz animado que era a alegria do grupo de WhatsApp da família. É desta maneira que Aline Santos, de 33 anos, descreve a personalidade do seu primo, Thiago da Conceição Marins, de 31 anos, que foi atingido por uma bala perdida, na noite desta sexta-feira, durante um tiroteio entre criminosos e policiais, em Niterói, vindo a falecer nesta manhã no Hospital Azevedo Lima, no bairro Fonseca, após uma cirurgia para tentar conter o sangramento.
"Ele saiu pra lanchar e quando estava voltando, já no último degrau da entrada, foi baleado", conta a moça. Por uma ironia do destino, quem recebeu Thiago no hospital foi a mãe de Aline, a técnica em Enfermagem Neusa da Conceição, que faz plantão no turno da noite e madrugada. Após identificar o sobrinho, ela fez contato com a mãe dele, sua irmã, Neide da Conceição.
Neusa explica que o rapaz foi atingido por um disparo na região torácica, afetando a veia cava. "Ele teve muito sangramento, fez um estrago no rim e intestinos. Fizeram a laparotomia - abertura cirúrgica da cavidade abdominal - mas ele tinha perdido muito sangue. Recebeu transfusão mas não aguentou", disse a técnica em Enfermagem em um áudio enviado para a família.
Moradores de Jardim Alcântara, em São Gonçalo, os familiares estão abalados. A esposa de Thiago, Keny Espíndola, com quem tinha dois filhos, não acreditou na notícia. "Pouco antes do tiroteio ele tinha falado com a Keny no telefone. Ela gritou, as crianças se assustaram e agora ficam fazendo perguntas sobre o pai. Ela não sabe o que dizer, não caiu a ficha. Parece que foi uma despedida", diz.
Keny tem um filho de outro relacionamento, que Thiago cuidava como se fosse seu. Funcionário de uma loja de brinquedos, a atividade parecia se encaixar bem no perfil do rapaz. "Era um cara superfamília que adorava estar com os filhos. Ficou um bom tempo desempregado e estava feliz por trabalhar no shopping. Ele gostava muito do que fazia", conta a prima.
Segundo a advogada, a mãe da vítima está em estado de choque. "Não tem condições de resolver nada. Minha mãe e o irmão dele, Victor, que estão tomando a frente", diz. Até o fechamento desta matéria o corpo de Thiago ainda estava no hospital esperando a remoção para o IML, onde será reconhecido pela tia e pelo irmão. Ainda não há informações sobre local e horário do velório e do enterro.
"Não chegávamos a conversar sobre violência, mas obviamente sempre foi uma preocupação de toda a família, até porque eles moram no Jardim Catarina, que é uma área complicada", completa Aline, que mora em Jacarepaguá, no Rio.