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MPF denuncia coronel da reserva que incitou intervenção militar no vídeo do YouTube

Antônio Carlos Alves Correia incitou uma intervenção militar e ameaçou ministros do STF e da Corte Eleitoral caso Bolsonaro não fosse eleito, durante as eleições de 2018

Coronel da reserva, Antônio Carlos Alves Correia
Coronel da reserva, Antônio Carlos Alves Correia -
Rio - O Ministério Público Federal (MPF) no Rio ofereceu, nesta segunda-feira, uma denúncia contra o coronel reformado Antônio Carlos Alves Coreia, com base na Lei de Segurança Nacional, por publicar vídeos no YouTube ameaçando ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e afirmando que haveria uma intervenção militar caso Bolsonaro não fosse eleito presidente. A pena prevista de reclusão é de 1 a 4 anos. 
O militar publicou oito vídeos, entre os dias 31 de setembro e 19 de outubro de 2018, todos com o conteúdo idêntico. "Hoje eu não tô sozinho, não. (…) Se Bolsonaro não ganhar, pode contar, a intervenção virá. O povo brasileiro vai pra Brasília exigir do comandante de plantão lá no alto comando do exército", afirmou, em um trecho de vídeo citado pela denúncia.
O acusado foi alvo de mandado de busca e apreensão, em 26 de outubro, e, na época, foi obrigado a usar tornozeleira eletrônica, por decisão da 5ª Vara Criminal do Rio de Janeiro, além de manter distância de 5 km dos ministros da Corte.

Na busca e apreensão, foram recolhidos na casa do coronel oito dispositivos eletrônicos, sendo quatro aparelhos de telefone celular, um HD externo e três computadores portáteis. Com a quebra do sigilo telemático, a equipe da Polícia Federal conseguiu identificar outros 30 arquivos de vídeos gravados pelo mesmo em circunstâncias muito similares aos vídeos tratados na denúncia.

Segundo o autor da denúncia, procurador da República José Maria Panoeiro, “Não bastasse a tensão natural a qualquer processo eleitoral, o país, desde 2014, vinha experimentando uma preocupante onda de radicalização política e ideológica a provocar manifestações extremadas, em especial em ambientes de redes sociais”. Disse ainda que, “embora seja legítimo ao cidadão comum restar inconformado com o comportamento de servidores públicos em geral, do presidente da República ao mais simples funcionário passando pelos Ministros das Cortes Superiores, o comportamento do denunciado foi muito além dos limites razoáveis para a crítica”.

E concluiu o subscritor da denúncia,: “Não restam dúvidas, portanto, que a intenção primordial do acusado era criar animosidade entre as Forças Armadas e as instituições civis (Tribunais Superiores) para, com isso, fomentar possível intervenção militar ou contexto de convulsionamento civil valendo-se de supostas ameaças, ataques à honra e manifestações de descrédito em relação à higidez do processo eleitoral como um todo”.