Mais um anjinho no céu

Uma criança inteligente, carinhosa, com futuro brilhante pela frente. É assim que a família se lembrará de Agatha Vitória Sales Félix, de 8 anos, que teve os sonhos interrompidos ao ser baleada nas costas por um tiro de fuzil, na Fazendinha, no Complexo do Alemão, sexta-feira à noite. Ela chegou a ser socorrida, mas não resistiu. Agatha é a quinta criança morta por bala perdida este ano no Rio de Janeiro.

Agatha foi baleada no colo da mãe em uma Kombi. Segundo testemunhas, os tiros foram disparados por PMs da UPP Fazendinha, que tentavam atingir suspeitos em uma motocicleta. A PM informou que eles estavam na esquina das ruas Antônio Austragésilo e Nossa Senhora quando foram atacados por criminosos e revidaram. A versão é contestada. "Não houve confronto. Foi apenas um tiro que atingiu minha sobrinha", garante o tio, Elias Cesar, de 36 anos.

A PM informou que abrirá procedimento para apurar o fato. A Polícia Civil pretende fazer uma reprodução simulada durante a semana, com participação da família da menina.

Ontem, moradores do complexo fizeram manifestação na Grota, seguindo por ruas da comunidade. Pessoas de outras áreas vítimas da violência se juntaram ao protesto. "Quero dizer a esses policiais que estão ao alcance da nossa voz: pensem nos filhos de vocês antes de fazer uma covardia dessas. Vocês têm família, têm mãe, têm filho. Não houve troca de tiros, não. Por favor, respeitem o nosso direito de ir e vir. Aqui é comunidade em que moram pessoas de bem", suplicou uma moradora. Em uma faixa estava escrito: 'Parem de nos matar'.

Thais Cristine, tia de Agatha, relatou a rotina de pânico. "Temos muito medo dos tiroteios e das ações da polícia. A Vanessa (mãe da criança) tinha este receio. Ela é uma mãe muito protetora", contou. Internautas protestaram no Twitter contra a violência.