Transformar o olhar da sociedade. Representar um público. Amor para ter respeito. Nome social por direito. Sensibilidade e perseverança. As frases, que parecem avulsas, mostram os ideais de uma população que pretende se fazer visível e que hoje, às 19h, estará representada na primeira edição do Miss Beleza Trans Brasil, na casa de espetáculos Scala Rio. Serão 24 mulheres transgêneras concorrendo ao título inédito.
Eloá Rodrigues, de 26 anos, Miss Trans Rio de Janeiro, está na expectativa do concurso e destaca a importância de ser uma pessoa que busca projetar a fala e existência das minorias. "Estou com uma expectativa muito grande para o resultado, mas também lido com isso de uma forma tranquila. Se o título vier, ele reforça toda minha trajetória, e meu sonho é que isso aconteça para nossa existência ser cada vez mais naturalizada. Se não vier, meu trabalho continuará sendo feito", avalia.
Nascida e criada no Jardim Catarina, no município de São Gonçalo, Eloá custou a conseguir o nome social. Ela pediu a retificação nos documentos em 2014 e só conseguiu em 2018. Foram tempos de constrangimentos e preconceito de quem tentava deslegitimar sua identidade como mulher. "Era sempre um momento de tensão por não saber como as pessoas iriam me tratar. Hoje, é muito mais tranquilo. Eu renasci", vibra a candidata, que já brilha como musa da escola de samba Garra de Ouro, de Niterói.
Jurados vão avaliar além da beleza
A vencedora será credenciada para representar o país no exterior, no Miss Internacional Queen, na Tailândia, que acontecerá no primeiro semestre de 2020. Além disso, a beldade coroada vai assinar um contrato, com um ano de duração, como modelo da TGW Fashion - Moda Trans, além de uma cirurgia de feminização facial na Transgender Center Brasil.
O evento conta com uma estreante em concursos: Andrelle Balduíno, moradora de Cravinhos, São Paulo. "Estou ansiosa para viver tudo isso e sentir essa experiência, que começa dias antes com o confinamento. Foram meses de ensaio e autoconhecimento, porque é importante a gente saber o que pode funcionar ou não. Hoje, conheço meus limites e habilidades e o objetivo é colocar em evidência os pontos fortes", declarou.
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*Estagiária sob supervisão de Bete Nogueira