Da cadeia pro Enem
Em liberdade provisória, Ryan faz a prova e diz ter sido preso por crime que não cometeu
Por O Dia
Publicado em 04/11/2019 00:00:00 Atualizado em 04/11/2019 00:00:00Após deixar o presídio Ary Franco, em liberdade provisória, o estudante Ryan dos Santos, de 18 anos, foi um dos 5.095.308 candidatos que realizaram, ontem, as provas do primeiro fim de semana do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Sonhando cursar Engenharia Mecânica numa universidade federal do Rio, o jovem quase foi impedido de fazer a prova, por ter sido preso por um crime que diz não ter cometido, em 4 de outubro, na Favela do Dique, no Jardim América, Zona Norte do Rio.
Ryan conta que, no dia da prisão, andava de bicicleta sem camisa, quando um confronto entre PMs e criminosos começou. Ele lembra que foi abordado por um militar ao tentar se proteger dos tiros. Na época, a PM alegou que ele carregava uma mochila com drogas e radiotransmissores.
Longe das salas de aula, Ryan não conseguiu estudar na cela. "Eu não tive como estudar, lá só tinha livro de literatura e bíblia, mas, mesmo se tivesse livros de escola (didáticos), eu não ia conseguir me concentrar. Só pensava em sair da cadeia. Eu sou inocente, nunca tive envolvimento com tráfico, eu estudei o ano todo para passar para engenharia mecânica", lamentou o jovem.
Apesar de ter sido prejudicado, Ryan não perdeu as esperanças. Ao lado da mãe, Glauci, o estudante chegou ao Colégio Estadual Marechal João Baptista de Mattos, em Coelho Neto, na Zona Norte, com uma hora de antecedência.
"Ontem tive aula, anteontem, também, para tentar recuperar os dias que não pude estudar. Mas, minha expectativa é boa".