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Jovens denunciam racismo e agressões por seguranças em bar na Pedra do Sal

Grupo conta que foi impedido de usar mesmo banheiro que clientes brancos. Além dos funcionários, vítimas foram linchadas por populares

Grupo foi agredido pelos seguranças e linchado por populares
Grupo foi agredido pelos seguranças e linchado por populares -
Cinco jovens negros afirmam ter sofrido agressões racistas por parte de seguranças e pelos donos de um bar próximo a Pedra do Sal, no bairro da Saúde, região central do Rio, na madrugada deste sábado. Entre os denunciantes, além de três mulheres e dois homens, está a integrante do coletivo artístico Slam das Minas Andrea Bak, que relatou o caso em suas redes sociais.
Na publicação, Bak afirma que ela e os amigos foram linchados depois que foram impedidos de usar o banheiro do estabelecimento que seria destinado a clientes brancos. Ela diz que os agressores usaram barras de ferro e tacos de beisebol, além de socos e ameaças com arma de fogo. A confusão teria atraído pessoas para o local, que também lincharam o grupo. "Foi uma agressão gratuita ao nosso grupo e só queremos justiça e que eles não façam isso com mais ninguém."
Ainda na publicação, a Andréa diz que esse não é o primeiro relato de agressões por parte de funcionários do bar e pede ajuda para denunciá-los. "Já há relatos de que agrediram mulheres nesse bar. Eles não podem sair impunes disso. Estamos todos lesionados fisicamente e com o psicológico destruído. Na segunda-feira a Pedra do Sal já vai estar lotada e esses caras que nos agrediram comandando o bar novamente. Precisamos de ajuda! Fiquem em alerta!", diz a publicação.
A deputada federal Talíria Petrone (PSOL) e a viúva da vereadora Marielle Franco (PSOL), a arquiteta Mônica Benício, compartilharam o relato em suas redes sociais com as legendas "racistas não passarão" e "vidas negras importam." O nome do bar e das outras vítimas não foi divulgado. Andrea e o grupo vão registrar o caso nesta segunda-feira. Procurada, a Polícia Civil disse que não há registro.
A Pedra do Sal faz parte da região chamada de Pequena África, no Centro do Rio. Símbolo da cultura negra, o local abriga uma tradicional roda de samba às segundas-feiras. O lugar era ponto de encontro de africanos e baianos no Rio no início do século XIX, e é considerado o berço do samba de roda no Rio, com nomes como Donga, Pixinguinha e João da Baiana.
* Estagiária sob a supervisão de Beatriz Perez