Mais Lidas

MPF denuncia Glenn Greenwald por envolvimento em ação hacker

Jornalista foi denunciado devido a um áudio em que, mesmo sabendo que as invasões ainda estavam ocorrendo, orientou de forma direta um dos hackers

Glenn Greenwald é um dos fundadores do The Intercept Brasil, site responsável pelos vazamentos de conversas entre Sergio Moro e procuradores da Lava Jato
Glenn Greenwald é um dos fundadores do The Intercept Brasil, site responsável pelos vazamentos de conversas entre Sergio Moro e procuradores da Lava Jato -
Brasília - O Ministério Público Federal denunciou, na manhã desta terça-feira, o jornalista Glenn Greenwald, do site The Intercept Brasil, por envolvimento com a ação hacker que invadiu celulares de autoridades brasileiras. Além dele, outras seis pessoas foram denunciadas, no âmbito da Operação Spoofing. 
A denúncia, assinada pelo procurador da República Wellington Divino de Oliveira, afirma que o jornalista: "de forma livre, consciente e voluntária, auxiliou, incentivou e orientou, de maneira direta, o grupo criminoso, durante a prática delitiva, agindo como garantidor do grupo, obtendo vantagem financeira". 

VEJA MAIS NOTÍCIAS


Logo depois, a denúncia ressalta a importância da liberdade de imprensa, mas se refere a Glenn como um "jornalista" (entre aspas) e justifica sua denúncia a partir de um áudio, em que Luiz Molição, um dos hackers, pede orientação sobre o que fazer depois que as primeiras reportagens fossem publicadas pelo site The Intercept Brasil. 
Glenn, então, responde que é uma situação "difícil", porque ele "não pode dar conselho", mas tem a "obrigação de proteger a fonte", e orienta Molição a apagar as mensagens que já haviam sido repassadas a ele, de forma a não ligá-los ao material ilícito. 
Durante o diálogo, Molição deixa claro que as invasões e o monitoramento das comunicações telefônicas ainda eram realizadas, o que, de acordo com o MPF, é o motivo pelo qual Glenn está sendo denunciado. Segundo a denúncia, a liberdade de expressão só garante que o jornalista possa utilizar informações adquiridas, por uma fonte, de maneira ilegal, caso elas sejam repassadas a ele após o crime ocorrer, e não durante.
Grupo de hackers
As apurações realizadas esclareceram também os papéis dos outros seis denunciados. Walter Delgatti Netto e Thiago Eliezer Martins Santos atuavam como mentores e líderes do grupo. Danilo Cristiano Marques era “testa-de-ferro” de Walter, proporcionando meios materiais para que o líder executasse os crimes. Gustavo Henrique Elias Santos era programador, desenvolveu técnicas que permitiram a invasão do Telegram e perpetrava fraudes bancárias. Suelen Oliveira, esposa de Gustavo, agia como laranja e “recrutava” nomes para participarem das falcatruas. E, por fim, Luiz Molição invadia terminais informáticos, aconselhava Walter sobre condutas que deveriam ser adotadas e foi porta-voz do grupo nas conversas com Greenwald.
Na denúncia, são apontadas a prática de organização criminosa, lavagem de dinheiro, bem como as interceptações telefônicas engendradas pelos investigados. Com exceção de Glenn, todos os outros denunciados responderão pelo crime de lavagem de dinheiro. Já o jornalista responderá pelos crimes de associação criminosa e, junto com os outros seis, por "praticarem, possibilitarem e concorrem para a consumação" de 126 interceptações telefônicas, telemáticas ou de informática.