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Escravo que restaurou igrejas é reconhecido como arquiteto após 200 anos

Tabas foi responsável pela reforma na Catedral da Sé, em São Paulo

Meia Hora
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Cerca de 200 anos atrás um escravo conquistou grande relevância em São Paulo por dominar a arte da cantaria,  técnica que trabalha pedras em formas geométricas para construção de edifícios. Conhecido como Tebas, o arquiteto restaurou a fachada de diversas igrejas do Mosteiro de São Bento.

Tabas também é responsável por erguer o primeiro chafariz público da capital paulista, o Chafariz da Misericórdia, instalado na Rua Direita, conhecida por um ser ponto de encontro de escravos antigamente. O nome que ficou impresso no monumento em 1811 foi Joaquim Pinto de Oliveira, verdadeiro nome de Tebas.

Em 1811, após a morte de Tebas, seu nome foi gravado no monumento. 70 anos depois, a peça foi retirada após o processo de canalização de água na cidade.

Ao longo do séculos, o nome do profissional foi apagado da História, mas o jornalista Abilio Ferreira lançou o livro "Tebas: Um Negro Arquiteto da São Paulo Escravocrata (Abordagens)", que buscar dar notoriedade a obra de Joaquim.

Apenas no ano passado Tebas, foi reconhecido como arquiteto pelo Sindicato dos Arquitetos no Estado de São Paulo (Sasp). "Ele fez a parte mais visível e valorizada de edificações católicas em uma época na qual o Brasil era muito religioso", diz Ferreira. "E não o conhecíamos. Que outros personagens não foram ocultos nos escombros da história?", completou.

Naquela época, Tebas era "propriedade" de um mestre de obras. De acordo com o inventário do dono, Joaquim valia mais do que quatro escravos juntos e em seu currículo constava a reforma da Catedral da Sé, demolida em 1911.

Bento faleceu endividado e a família vendeu Tebas para a Igreja Católica. Após a restauração da Catedral da Sé, Joaquim processou a viúva de Bento e conseguiu sua alforria aos 58 anos. Tebas viveu até os 90 trabalhando no ramo.