Precariedade sobre rodas
SMTR divulga Ranking Negativo de Linhas de Ônibus que circulam na cidade do Rio
Por Anderson Justino
Publicado em 04/02/2020 00:00:00 Atualizado em 04/02/2020 00:00:00No Rio de Janeiro, o transporte público você sabe como é: um carrossel de reclamações por todos os lados. Um desses casos envolve o vendedor ambulante Roberto Luís, de 27 anos, morador de Santa Cruz, na Zona Oeste. Pelo menos três vezes na semana ele precisa sair do bairro onde mora para ir a Campo Grande, para comprar seu material de trabalho, usando o transporte público. A rotina feita por ele é a mesma de milhares de cariocas. Um trajeto, que deveria durar pouco mais de 40 minutos, se torna uma via por conta da precariedade dos ônibus.
Na sexta-feira da semana passada, a Secretaria Municipal de Transportes divulgou uma lista com o Ranking Negativo de Linhas de Ônibus que circulam na cidade. Os dados são referentes aos meses de outubro, novembro e dezembro do ano passado. Empresas que atuam na Zona Oeste, como as que englobam o consórcio Santa Cruz estão no topo com o maior registro de reclamações no período. A SMTR avalia itens como veículos depredados e em má conservação, conduta do motorista e serviço oferecido pelas empresas.
Seja nos dias de sol ou chuva, o trajeto do ambulante é sempre um problema. Nos dias quentes, o interior do micro-ônibus ganha o apelido de forninho. Já nos chuvosos, os passageiros acabam 'ganhando' uma piscina pública, devido a maior parte das janelas enferrujadas que acabam não fechando e a água invade o coletivo.
"É sempre uma situação muito dolorosa ter que vir a Campo Grande todas as semanas. Os coletivos são horríveis e não atendem de maneira adequada a população. Não tem qualidade nenhuma nos transportes. Mas preciso comprar mercadoria para trabalhar", explica.
"Pessoal, o ônibus está com o ar condicionado quebrado. Ou seja, a gente vai fazer a viagem no calor. Quem quiser ir está avisado e não pode reclamar". O anúncio é feito pelo motorista da linha 866, que faz o itinerário Pedra de Guaratiba - Campo Grande. No relógio, ainda são 11 horas da manhã e um sol escaldante de quase 40 graus esquenta a cabeça de quem está na fila. A notícia, um tanto quanto desagradável, pega dezenas de passageiros de surpresa. Sem muita opção, decidem entrar no coletivo e seguirem viagem.
"A gente vai fazer o que? Precisamos ir pra casa. Infelizmente não fazem nada para melhorar o transporte público no Rio. Ele só avisou que o ônibus estava sem ar condicionado porque tem a presença da equipe da imprensa aqui, mas nem sempre é assim", reclama o pedreiro Genilson de Souza, morador de Guaratiba.