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'Tolerância Zero' em Rio das Pedras

Prefeitura do Rio retira construções irregulares na margem de canal e comerciantes protestam

Há cinco anos, quando colocava o primeiro tijolo para construir sua barraca de comidas típicas, a baiana Maria Aparecida dos Santos Neri, de 55 anos, acreditava estar transformando o sonho de ser dona do próprio negócio em realidade. Ontem, viu tudo que construiu se resumir a entulho e pó. Segundo a Prefeitura do Rio, assim como ela, outros 149 pequenos empreendedores construíram estabelecimentos em área de preservação ambiental permanente, às margens do Canal de Rio das Pedras, na Zona Oeste, que, por questões ordem pública, precisaram ser demolidos.

Viúva e responsável por cuidar de três filhos e um irmão portador de deficiência, a baiana era uma das mais revoltadas por conta da ação da prefeitura. "Por que estão fazendo isso? Somos pessoas de bem. Tudo isso aqui foi construído com muita luta. Deixaram construir para depois destruir. Estou perdendo toda minha vida nesse negócio", desabafou.

Antes de a prefeitura iniciar o trabalho de demolição dos quiosques, um grupo de manifestantes, formado por moradores e comerciantes de Rio das Pedras, entrou em confronto com a Guarda Municipal. Os agentes usaram bombas de gás e spray de pimenta para dispersar os manifestantes, que interditaram a Avenida Engenheiro Souza Filho.

"Na hora em que as lojas foram construídas, não apareceu fiscalização nenhuma. Por que após 20 anos eles aparecem para destruir?", perguntou Nina Vivari, dona de um quiosque. "Por que isso não foi feito antes? A prefeitura decidiu demolir e ponto final", questionou o chaveiro Estácio da Silva.