Após voos cancelados, brasileiros não conseguem voltar da Tailândia

Um grupo de cerca de 200 brasileiros busca alternativas para retornar da Tailândia após terem seus voos cancelados desde segunda-feira. Enquanto as restrições aos estrangeiros aumentam no país por causa da pandemia de coronavírus, o grupo busca ajuda para conseguir uma viagem de volta para casa.

Como o primeiro-ministro da Tailândia, Prayut Chan-o-cha, decretou que o país entra em estado de emergência a partir da próxima quinta-feira. Diante disso, a Embaixada do Brasil em Bangkok recomendou que todos os brasileiros que estão no país antecipem seus voos à capital para evitar mais transtornos, já que pode haver restrição no deslocamento em território tailandês. Jéssica Cabede e Sérgio Alonso, casal que que mora no Rio de Janeiro e está a passeio na país, relatam o que têm presenciado.

"Estamos voltando para Phuket para tentar adiantar nosso voo, que seria de 26, porque, se estivermos em Bangkok, é mais fácil para conseguirmos sair", contou Jéssica, que está com o voo de volta ao Brasil confirmado, mas teme entrar para a lista de brasileiros retidos no país asiático.

"Já temos um grupo de Whatsapp com os brasileiros que estão aqui na Tailândia, que tem a Embaixada do Brasil em Bangkok, entramos em contato com o Carlos Bolsonaro... Estamos tentando ver se conseguimos uma saída. O meu (voo) e do Sergio, por enquanto, está confirmado, mas a gente não sabe o dia de amanhã, então estamos com medo de acontecer esse cancelamento também", relatou a brasileira.

Em contato frequente com os brasileiros retidos na Tailândia, a Embaixada do Brasil em Bangkok tem negociado com companhias aéreas para buscar alternativas de voo fretado. Em vídeo enviado nesta terça-feira ao grupo de Whatsapp, o Chefe do Setor Consular da Embaixada informou sobre o andamento das conversas.

"A gente se reuniu com a Ethiopian Airlines, não deu o resultado que a gente queria. Não deram nenhuma informação precisa de data, passagem, preços para caso o voo aconteça. De qualquer forma, está aberto ainda, e levantam a possibilidade da gente fazer um voo fretado. Estou explorando essa possibilidade com outras empresas também, ver quanto custaria o voo e dividir o custo entre os passageiros, é claro", disse o homem que se identificou como João.

Depois de muita negociação, a Embaixada chegou a um acordo com a Ethiopian Airlines por um voo fretado para os brasileiros, mas o valor é inviável para a maioria. Segundo relatos, a companhia aérea cobra cerca de R$ 10 mil para cada passageiro, e o pagamento deve ser realizada a vista.

A Embaixada também conversa com o Governo Federal sobre a possibilidade da repatriação dos brasileiros que não residem no país.

Por causa do aumento recente de casos de coronavírus na Tailândia, o primeiro-ministro Prayut Chan-o-cha, em pronunciamento oficial, anunciou que o país entra em estado de emergência a partir desta quinta-feira. Com isso, passam a ser permitidos a decretação de toque de recolher, a proibição de viagens, o fechamento de edifícios sem mandado judicial e a censura da imprensa até o dia 30 abril.

Mesmo que as medidas ainda não estejam em vigor, muitos hotéis já estão fechando as portas, dificultando os brasileiros retidos no país a encontrarem hospedagens. Diante disso, a Embaixada do Brasil em Bangkok disponibilizou uma lista de locais que podem hotéis que acolher essas pessoas durante a estadia na Tailândia. Além disso, foi permitida a extensão do visto de permanência no país por até 30 dias.

Segundo o Itamaraty, cerca de 7 mil brasileiros estão retidos no exterior devido a restrições impostas pelos países por causa da pandemia do novo coronavírus. Isso porque, até ontem, cerca de 5.200 pessoas foram repatriadas.

"A situação continua fluida e os números de brasileiros são constantemente revistos. Ao meio-dia de hoje (ontem), permanecem 6.919 brasileiros a repatriar. Continuamos a trabalhar para garantir o retorno de todos os brasileiros ao País, no prazo mais curto possível", diz a nota do Ministério de Relações Exteriores.