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Brasil faz um mês desde o primeiro caso confirmado do novo coronavírus

Projeções do Observatório Covid-19 BR são em torno de 6.242 e 7.806 pessoas infectadas, caso o tempo de duplicação se mantenha como o que tem sido visto

Passageiros usam máscaras no aeroporto Aeroporto Santos Dumont
Passageiros usam máscaras no aeroporto Aeroporto Santos Dumont -
Brasil - Nesta quinta-feira, o Brasil completa um mês desde o primeiro caso confirmado do novo coronavírus (Covid-19) no país. De lá para cá, o ritmo de transmissão do novo vírus continua alto e constante. Segundo pesquisadores do Observatório Covid-19 BR, que reúne físicos de sete universidades e monitora a progressão da pandemia no país, o Brasil segue no mesmo ritmo que a Itália no final de fevereiro. 
Por aqui, o número de casos confirmados dobra a cada dois ou três dias. "Caso se mantenha dessa forma, é possível que até o dia 29 deste mês, os números de casos confirmados sejam entre 6.242 e 7.806", afirma Vítor Sudbrack, um dos físicos integrantes do Observatório Covid-19 BR.
O estudo se baseia no tempo que o coronavírus leva para dobrar a quantidade de pessoas infectadas. O tempo de duplicação leva em conta os últimos cinco dias. Quanto menor o tempo de duplicação, mais rápido o número de casos aumenta. Portanto, o estudo é um bom estimador de como as medidas impactam o número de casos, como ocorre em países como a Coreia do Sul. Uma curva exponencial (ou seja, uma epidemia sem medidas de controle), apresenta um tempo de duplicação constante.
No Brasil, do dia 20 ao dia 23, houve aumento no tempo de duplicação. Isso significa que há menos casos reportados do que o esperado numa fase exponencial. Segundo os pesquisadores, especula-seque é devido ao aumento da subnotificação de casos com a estratégia de testagem só dos casos graves.
Com a análise também foi possível concluir que o Rio foi é o estado com maior propagação no número de casos, um pouco mais rápido do que São Paulo. Segundo o infectologista da UFRJ Edimilson Migowski, uma das maiores preocupações nos próximos dias é com o aumento do número de casos nas favelas cariocas.
"O primeiro mês mostra que o vírus circulou majoritariamente entre pessoas que vieram de fora, que importaram o vírus, com mais casos na Zona Sul e Barra da Tijuca. Eles possuem um perfil socioeconômico igual da Itália, mas agora a atenção é para as comunidades. A situação pode ser muita grave", diz ele. 
Ainda segundo Migowski, para diminuir essa curva, o ideal seria a realização de testes em massa, como na Coreia do Sul. 
O infectologista Marcos Lago afirma o estado crítico pode vir daqui a duas semanas e, por isso, a necessidade do isolamento social para evitar cenas de unidades hospitalares cheias e com dificuldade de atendimento a todo o público. "Estamos caminhando numa progressão, o pico deve ser daqui a duas semanas, com aumento no número de casos e pacientes graves. Para evitar hospitais cheios, sem vaga, é importante que contenhamos nesses dias", afirma ele.