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Amazonas confirma dois índios infectados pelo novo Covid-19 e monitora outras tribos

Os dois homens são da etnia Tikuna, o maior povo indígena da Amazônia brasileira

Apesar do isolamento, contato com médicos ou viagens de barco podem ter causado o contágio do novo Covid-19 à tribo
Apesar do isolamento, contato com médicos ou viagens de barco podem ter causado o contágio do novo Covid-19 à tribo -
Ao menos dois indígenas da etnia Tikuna testaram positivo para o novo coronavírus no município de Santo Antônio do Içá, sudoeste do Amazonas. A informação foi confirmada ao 'Globo' após reunião de prefeitos da região do Alto Solimões antes da divulgação dos primeiros casos confirmados no país entre índios. A Secretaria de Saúde local vai oficializar os registros ainda neste sábado.
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Os dois homens, que não falam português, estão isolados em casa. Eles vieram de uma longa viagem de barco com outros 110 passageiros. Na mesma embarcação (lancha Cristal I) viajou o médico que atende o povoado da região e foi o primeiro a ser diagnosticado com a doença.

O médico acredita ter contraído o vírus durante viagens aos estados de Santa Catarina e Paraná. Ele também não descarta a possibilidade de ter sido infectado em Santo Antônio do Içá, que fica a 880 quilômetros de Manaus e faz fronteira com a Colômbia.

"Cheguei em Santo Antônio do Içá no dia 18 de março de 2020, onde até então estava assintomático. Tive um pouco de tosse, onde prontamente fiz o uso de máscara e todos os protocolos de higienização durante meus atendimentos a fim de evitar qualquer contaminação aos meus pacientes. No dia 19 pela manhã, senti febre. E prontamente me isolei em casa", disse ao 'Globo.

Assim que foi confirmada a contaminação do médico, agentes de saúde do Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) do Alto Solimões, vinculado à Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), voaram de helicóptero de Tabatinga à aldeia Lago Grande, em Santo Antônio do Içá, para monitorar 13 tikunas, dos quais 10 foram atendidos pelo médico e outros três trabalharam com ele nos últimos dias.

Além deles, outra duas pessoas não indígenas que auxiliam o profissional (um técnico de enfermagem e uma enfermeira) também estão sendo monitorados. No total, quase 900 moradores da aldeia Lago Grande ficarão isolados por 14 dias.

Considerado o maior povo indígena da Amazônia brasileira, os Tikuna habitam a região do rio Solimões, distribuídos em nove municípios com mais e 100 aldeias, e têm um passado marcado por invasões em seus territórios por pescadores, seringueiros e madeireiros. São reconhecidos por seu artesanato rebuscado na confeccção de máscaras, desenhos e pinturas.

Alerta à População
O Gabinete de Gestão integrada de Fronteira (GGI Fron) emitiu um comunicado para que todos os passageiros que desembarcaram no porto fluvial de Tabatinga da Lancha Cristal, no dia 18 de março, procurem em caráter de urgência a Vigilância Epidemiológica. O número de contato é (97) 99185-2142.

Dos 112 passageiros que embarcaram na Lancha Cristal, 12 fizeram o trajeto Manaus/Codajás; seis, Manaus/Coari; 28, Manaus/Tefé; sete, Manaus/Fonte Boa; nove, Manaus/Jutaí; sete, Manaus/Tonantins; 11, Manaus/Santo Antônio do Içá; cinco, Manaus/Amaturá; sete, Manaus/São Paulo de Olivença, três, Manaus/Benjamin Constant; 12, Manaus/Tabatinga; e um, Tefé/Fonte Boa.

Também no Amazonas, no Município de Atalaia do Norte, um outro indígena da etnia Marubo está sendo monitorado,com suspeitas da doença.