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No picadeiro, a saudade de fazer graça

Devido ao coronavírus, artistas sofrem com o fechamento dos circos

Trupe de artistas do Circo Real Madri, abrigado em um terreno em Campo Grande, passa por dificuldades
Trupe de artistas do Circo Real Madri, abrigado em um terreno em Campo Grande, passa por dificuldades -
A gargalhada da criançada dá saudade. E os artistas sofrem com a incerteza de quando poderão voltar a fazer graça. Afinal, o decreto do governo estadual para evitar aglomerações suspendeu todos os espetáculos artísticos e, claro, a atuação dos circos no Rio. Atualmente, pernas de pau, bolas, pratos e narizes de palhaço estão guardados no baú. As lonas foram recolhidas e as famílias que dependem da bilheteria para ter renda vivem situação precária. Aglomerados em trailers, ônibus e carretas, eles pedem auxílio do governo e dos apaixonados pela 'mãe de todas as artes'.
O Circo Real Madri, por exemplo, estava montado em Campo Grande, na Zona Oeste, mas as tendas foram recolhidas após o decreto estadual da suspensão de espetáculos artísticos.O terreno é particular e a família Robattini, que lidera a trupe, precisa negociar semanalmente com o dono do local. Eles não têm para onde ir, mas também não sabem como vão pagar as despesas.
"A nossa situação está precária como a de todo brasileiro. O problema é que nossa única fonte de renda é a bilheteria do circo. Sem essa renda, a gente não tem nada. Estamos sem trabalhar desde o dia 13 de março. O governo deu uma cesta básica, mas vai dar só para essa semana. Tem os boletos que vão chegando", lamenta a artista Valéria Barbosa.
Tristeza no picadeiro
O Circo Real Madri é atualmente formado por 20 pessoas, mais da metade de uma mesma família. Ali, cada filho conta com uma carreta com estrutura de casa, mas a realidade é diferente em outros circos menores.
"Com essa dificuldade de não ter a bilheteria, a vida fica difícil financeiramente, difícil também para alimentação, para a parte de higene. Temos crianças, jovens e senhores de idade de até 80 anos. A convivência é de muita gente junto", destaca Limachem Cherem, diretor do Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões do Rio (Sated-RJ).
No Circo Riwany, na Cacuia, em Nova Iguaçu, os dias também estão sem muito riso e alegria. "A gente morava em trailer. Ele está num terreno, fechado, até passar isso, e o resto da família está indo para casa de amigos. Aqui está brabo. Já estávamos no vermelho, mas agora está pior. São 23 pessoas. A sorte é que não tem ninguém doente. Mas a nossa cabeça fica confusa. A gente espera uma ajuda de trabalho que possa melhorar para todo mundo", confessa Rhiwany Ramos.

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