Os dramas na fila dos R$ 600
Com problemas no CPF, centenas passam a madrugada nas portas das agências da Receita em Caxias e no Rio para garantir benefício
Por Yuri Eiras
Publicado em 14/04/2020 00:00:00 Atualizado em 14/04/2020 00:00:00Josemar de Lima Galvão chegou às 3h à porta da agência da Receita Federal em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Às 5h, José Ricardo dos Santos, de muletas, foi mais um a engrossar a fila de quem madrugou para regularizar o CPF (Cadastro de Pessoa Física) e seguir tentando o auxílio emergencial de R$ 600, dado pelo governo federal para ajudar trabalhadores informais, desempregados, MEIs e contribuintes individuais do INSS durante a pandemia do novo coronavírus.
No Rio, agências da Receita Federal também receberam longas filas, como em Madureira, na Zona Norte. Quanto mais gente chegava, mais histórias de dificuldade se misturavam na aglomeração, todas convergindo para a necessidade de receber os R$ 600, nesse momento de aperto financeiro.
Pedreiro autônomo, José Ricardo caiu de uma escada e quebrou o calcanhar há dois meses. Sem trabalhar, tem corrido atrás dos R$ 600, mas esbarrou na notícia de que seu CPF estava com o nome da mãe escrito errado. "O atendimento foi muito ruim. Falam que tem que deixar cópias de um documento no envelope, mas não avisam isso equanto estamos na fila. Tive que pedir um real emprestado para pagar a xerox. Estou sem nada", reclamou o pedreiro. "Deixei o envelope e em três dias voltarei para ver se deu certo. Esse dinheirinho ia vir numa hora boa".