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Ex-presidente da Alerj é preso por irregularidades em contratos na Saúde do Rio

Paulo Melo foi capturado em casa, onde cumpria prisão domiciliar desde o fim de março, com a decisão que beneficiou detentos com sintomas do novo coronavírus

Paulo Melo já foi preso em outras duas operações da Lava Jato
Paulo Melo já foi preso em outras duas operações da Lava Jato -
Rio - A força-tarefa da Lava Jato faz, desde as primeiras horas da manhã desta quinta-feira, a Operação Favorito, para prender cinco pessoas, dentre elas o ex-presidente da Alerj Paulo Melo (MDB) e o empresário Mário Peixoto, dono de empresas que presta diversos serviços ao governo do estado. Eles são investigados por fazerem parte de uma organização criminosa que desviou recursos públicos da área da Saúde do Rio.
A ação é um desdobramento das operações Quinto de Ouro e Cadeia Velha, que investigam superfaturamentos em obras do governo do estado há mais de 10 anos. O esquema favorece conselheiros do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ), deputados da Alerj, além de outros agentes públicos, através do fornecimento de mão-de-obra terceirizada para o estado e órgãos vinculados.
O ex-deputado Paulo Melo foi preso em casa, na capital, e Mário Peixoto foi capturado em Angra dos Reis, na região da Costa Verde, segundo a TV Globo. Melo já foi alvo da Cadeia Velha e da Operação Furna da Onça e estava cumprindo prisão domiciliar desde o fim de março pela condenação por 12 anos e 10 meses de prisão pela Cadeia Velha. Ele foi beneficiado pela decisão que libertou detentos com sintomas do novo coronavírus (covid-19).
Os nomes dos outros três alvos dos mandados de prisão, que foram expedidos pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Criminal Federal do Rio de Janeiro, não foram divulgados. Todos vão responder pelos crimes de lavagem de capital, organização criminosa, corrupção, peculato e evasão de divisas.
Os agentes também estão cumprindo 42 mandados de busca e apreensão, no Rio e em Minas Gerais.
DESVIOS
De acordo com as investigações, a quadrilha alvo da ação recebe, desde 2012, recursos do governo do estado, através de cooperativas de trabalho e organizações sociais (OSs). Essas companhias, em sua maioria, têm o nome de "laranjas" para permitir a lavagem de dinheiro indevidamente desviado e disfarçar o repasse de valores para agentes públicos envolvidos.
A investigação aponta também que os crimes de lavagem de capitais também ocorrem no exterior, através da abertura de empresas e contas bancárias não declaradas à Receita Federal brasileira, bem como compra de imóveis em Miami. Através de uma cooperação jurídica internacional, o Ministério Público Federal (MPF) tenta mapear esses recursos.
Ainda segundo a denúncia, a organização criminosa se aproveitou, inclusive, da atual calamidade ocasionada pela pandemia da covid-19 no Rio, que autoriza contratações emergenciais e sem licitação, para obter contratos milionários de forma ilícita com o Poder Público, além de atuar para destruição de provas.
O nome da operação Favorito é uma alusão ao número de contratos e o tempo de relacionamento que Mário Peixoto tem com o governo do estado, ou seja, vários anos sendo o "favorito".