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Após jazigo desaparecer, família enterra idosa em outro local: 'Frustante'

Vontade de dona Helena era ser enterrada na mesma sepultura do ex-marido

Neto de dona Helena, Marcos Vinicius, ao lado da mãe, Ana Paula, no cemitério do Corte Oito
Neto de dona Helena, Marcos Vinicius, ao lado da mãe, Ana Paula, no cemitério do Corte Oito -
Duque de Caxias - Mais de 48h depois da morte de Helena Moreira de Jesus, de 84 anos, a família conseguiu enterrar a aposentada na manhã desta quinta-feira, 14, no cemitério do Corte Oito, em Duque de Caxias. Entretanto, uma vontade de Dona Helena não conseguiu ser realizada: ser enterrada na mesma sepultura do ex-marido. Tudo porque o jazigo perpétuo da família “sumiu” dentro do cemitério.
Em entrevista ao Jornal O Dia, nesta quarta-feira, 13, o neto de dona Helena, Marcos Vinicius Silva, de 31 anos, afirmou que a família possuía dois jazigos perpétuos no cemitério do Corte Oito. Entretanto, ao chegar no local, constataram que a numeração deles havia sido trocada. Os parentes suspeitam que corpos de outras famílias tenham sido enterrados no local.

“Só conseguimos enterrar minha vó hoje. Tivemos que exumar dois corpos de outro jazigo da nossa família. Estamos muito frustados porque o sonho da minha avó era ser sepultada no mesmo lugar que o meu avô, mas, simplesmente, ‘sumiram’ com o jazigo”, disse Marcus, após o enterro de dona Helena.

A aposentada morreu na noite desta terça-feira, 12, com suspeita da Covid-19, no CER Leblon, na Zona Sul do Rio.
Administração dos cemitérios de Duque de Caxias retoma para a prefeitura - Divulgação
Concessão era privada

A Prefeitura de Duque de Caxias e a AG-R Eye Obelisco Serviços Funerário travam uma batalha pela administração dos cemitérios da cidade. A prefeitura conseguiu a encampação dos dois principais cemitérios do município (o Tanque do Anil e o Corte Oito), após aprovação pela Câmara de Vereadores, por meio da lei complementar 09, do dia 8 de maio. Com isso, a partir desta quarta-feira, 13, a prefeitura de Caxias passou a administrar os espaços.

Diante do ocorrido com familiares de dona Helena, a prefeitura pediu aos parentes para localizar as escrituras dos jazigos da família, já que o sistema com todas as informações de sepulturas do cemitério do Corte Oito não foi deixado pela antiga administração.

“Solicitamos a empresa que estava aqui administrando que nos fornecesse o mapa com sepulturas, documentação, mas nada nos foi passado. Estamos aqui fazendo esse mapeamento”, disse Leandro Guimarães, secretário de Urbanismo e Habitação.

A AG-R Eye Obelisco Serviços Funerário detinha até então a exclusividade da prestação de serviços cemiteriais e administração dos cemitérios públicos de Duque de Caxias. O contrato com a funerária foi assinado na gestão do ex-prefeito Zito, em novembro de 2011. Desde então, os munícipes reclamam da péssima qualidade do serviço oferecido e dos preços abusivos cobrados. No ano de 2017, já na atual gestão do prefeito Washington Reis, os cemitérios foram interditados por descumprir uma série de determinações do município, como realizar 120 enterros gratuitos por mês, conforme TAC assinado entre a cidade, a funerária e o Ministério Público. Além disso, há irregularidades encontradas em leis ambientais, notificações da Vigilância Sanitária, bem como de sonegação de impostos.

Por meio de nota, a AG-R informou que a encampação dos dois cemitérios está sendo feita de forma “arbitrária e ilegal”. O texto diz ainda que a intenção da Prefeitura de Caxias é “manchar a imagem e trazer prejuízos” para a empresa.
Neto de dona Helena, Marcos Vinicius, ao lado da mãe, Ana Paula, no cemitério do Corte Oito Rafael Silva
Administração dos cemitérios de Duque de Caxias retoma para a prefeitura Divulgação