Fé sem barreiras

Diferente, mas não menos especial. Foi o lema adotado pela igreja católica para as celebrações de Corpus Christi deste ano. Em tempo de pandemia do novo coronavírus, a palavra usada pelos devotos foi adaptação. O sal e a serragem, usados para enfeitar os tradicionais tapetes de sal que dão uma cor especial à celebração, foram trocados por papel, lápis de cor e canetinhas.

Desta vez, as ruas ficaram vazias para que os católicos apresentassem seus desenhos através das redes sociais e protegidos de dentro de suas casas. Apesar do afrouxamento social no início da semana, que autoriza a realização de eventos religiosos, a igreja católica adotou a medida para evitar aglomerações de pessoas e tentar frear a propagação da doença. Foi a primeira vez, depois de 26 anos de tradição, que o tapete de sal não foi estendido nas ruas de São Gonçalo. No município, a celebração recebe uma multidão de devotos. No ano passado, mais de cem mil pessoas participaram.

Segundo a Arquidiocese de Niterói, esse é o maior da América Latina em extensão. "A pandemia impediu as manifestações exteriores, mas jamais terá o poder de entravar a generosidade dos corações que amam e adoram o Senhor sacramentado, ressuscitado e vivo para sempre. Fomos impossibilitados de realizar as procissões pelas ruas. O tapete virtual foi uma das formas de usar da arte para demonstrar a fé e o amor a Jesus", destacou o Arcebispo Metropolitano de Niterói, Dom José Francisco Rezende Dias, que presidiu à cerimônia na Catedral de São João Batista. As portas da igreja permaneceram fechadas.

Após a missa, houve a tradicional procissão na nave da catedral até a Capela do Santíssimo. A apresentação dos tapetes virtuais foi feita ao final. Uma das idealizadoras do projeto, a jornalista Íngrid Bianchini, de 39 anos, disse que não houve surpresa na grande participação das famílias.

Cristo recebe projeção de braços abertos