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Coronavírus: mitos e verdades sobre a reabertura do comércio

Estabelecimentos autorizados a reabrir devem seguir regras de distância, capacidade reduzida e de proteção, como disponibilizar álcool gel

Após flexibilização, foi possível encontrar até crianças na praia neste sábado
Após flexibilização, foi possível encontrar até crianças na praia neste sábado -
São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Fortaleza, Recife e Manaus são algumas das cidades brasileiras que iniciaram uma reabertura gradual após passar por um período de isolamento social na tentativa de conter a pandemia do novo coronavírus. Com isso, comércios , shoppings, escritórios e, em alguns locais, até restaurantes estão autorizados a funcionar.
Para que isso seja possível, governadores se apoiam em dados como porcentagens de ocupação em leitos de UTI, número de novos casos confirmados e de novos óbitos. Além disso, os estabelecimentos autorizados a reabrir devem seguir regras de distância, capacidade reduzida e de proteção, como disponibilizar álcool gel.
Porém, a realidade tem mostrado que a reabertura gradual tem causado transportes públicos lotados, aglomerações em lojas, filas para entrar em shoppings. Veja algumas mentiras sobre este momento que você precisa saber.
Após a reabertura dos comércios de rua, o que se viu em todo o Brasil foram aglomerações . Isso vai de encontro à recomendação das autoridades de saúde de manter a distância de 1,5 metro entre cada pessoa para evitar o contágio.
Além da falta de controle da entrada de pessoas nos estabelecimentos, o que se viu foi o compartilhamento de carrinhos e cestas de compra sem nenhum tipo de precaução, como a higienização para novo uso.
Cuidados fazem dos shoppings locais seguros
Protocolos para a reabertura de shoppings centers com rotina de limpeza adaptada e controle de acesso e tempo de funcionamento trazem uma sensação de segurança. Porém, no último sábado (13), por exemplo, fiscais do Rio de Janeiro encontraram 12 infrações em shoppings. As filas nas portas dos shoppings também causaram aglomerações.
O caso da cidade de Blumenau, que, em abril, teve um aumento de 28,5% no número de novas infecções de um dia para o outro após a reabertura de um shopping mostra como a situação deve ser levada com cautela.
Máscaras e luvas são suficientes para que as pessoas circulem em segurança
Máscaras e luvas ajudam na proteção, mas não possuem 100% de eficácia. Quando a pessoa vai às compras, suas mãos entram em contato com algo (produtos, carrinhos, cestas, máquinas de pagamento) o tempo todo.
Encostar a mão contaminada no rosto, mesmo usando luva e máscara já representa um risco de contágio. Além disso, ainda que menos provável, o contágio pode acontecer pelo roupa, cabelo e sapato contaminado. Ao sair de casa, todo cuidado é pouco.
Quem já testou positivo para Covid-19 está imune
O novo coronavírus (Sars-CoV-2) ainda é muito recente e, apesar de todas as pesquisas que estão sendo realizadas, pouco conhecido. Não há um consenso de que uma pessoa contaminada se torna imune.
Além disso, alguns casos de reinfecção, principalmente em médicos que estão em contato direto com o vírus diariamente, já foram registrados.

Um estudo realizado pela Escola de Medicina Icahn do Monte Sinai de Nova York mostrou que a maioria das pessoas que tiveram Covid-19, independente da gravidade, criam anticorpos. Porém, testes podem dar falso negativo e ter anticorpos não é sinônimo de estar imune.

Hospitais estão preparados para um aumento de contágio
A taxa de ocupação nos leitos hospitalares está entre os dados utilizados para justificar a reabertura. No Rio de Janeiro, por exemplo, a porcentagem de ocupação em UTI adulto do SUS para que shoppings, comércio e restaurantes funcionem deve estar entre 85% e 90%.
Pesquisadores que acompanham a evolução da pandemia disseram à DW Brasil que o número de infectados pode crescer 150% em 10 dias de flexibilização.
O pior já passou
De acordo com cientistas em entrevista à BBC, alguns pontos devem ser analisados para determinar se "o pior já passou". O número de mortes registradas deve se manter por pelo menos duas semanas, a taxa de reprodução do vírus deve estar em 1 e a estabilização de casos de síndrome respiratória aguda grave. No Brasil, a maioria dos locais ainda não atingiram esses pontos.
Vale também lembrar do risco de uma segunda onda, um aumento repentino de casos após normalização. A China, país de origem da Covid-19, por exemplo, está em alerta para um novo surto após Pequim resgistrar dezenas de novos casos. Autoridades da capital chinesa anunciaram hoje o fechamento de espaços esportivos e de entretenimento.

A vacina deve chegar logo
A corrida pela produção de uma vacina para o novo coronavírus é grande. Apesar de algumas estarem em fase considerada avançada, ainda deve demorar para que uma seja aprovada e usada de fato na população mundial.
A vacina de Oxford , por exemplo, é uma das mais avançadas e o resultados dos testes clínicos de eficácia devem sair apenas em setembro. Se for positivo, ainda será necessário aprovação dos órgãos competentes e produção em larga escala.
Já a Coronavac , de um laboratório chinês que firmou parceria com o Instituto Butantan, concluiu a segunda fase de testes e teve eficácia de 90%, mas ainda precisa ir para uma terceira fase e passar pelo processo de aprovação.