Um mês e quatro dias após assumir. Esse foi o tempo que o ex-secretário Fernando Ferry aguentou no comando da Secretaria de Estado de Saúde, que enfrenta, além da pandemia, denúncias de corrupção e o impeachment do governador Wilson Witzel. Segundo deputados, a saída de Ferry não foi uma surpresa. O tenente-coronel do Corpo de Bombeiros Alex da Silva Busquet assume a Saúde no estado.
Relator da Comissão Especial da Alerj para fiscalizar os gastos do governo estadual no combate ao coronavírus, o deputado Renan Ferreirinha (PSB-RJ) acredita que Ferry saiu para não comprometer sua biografia. "Ele sentiu que a comissão estava fiscalizando muito de perto. Disse que tinha muito cuidado com o próprio CPF e falou que nos deveríamos ajudá-lo. Estamos para fiscalizar e não para gerir a pasta da Saúde", afirma.
O deputado estadual Waldeck Carneiro (PT-RJ), que faz parte da comissão especial responsável por analisar o pedido de afastamento de Wilson Witzel, concorda. "Acho que ele preferiu não correr risco de colocar o seu nome, a sua trajetória acadêmica, o seu CPF, neste festival de problemas em que se transformou a gestão da saúde estadual", avalia.
Apesar de muito ativo nas redes sociais durante o dia, o governador Wilson Witzel não se manifestou sobre a saída de Ferry e sua equipe da administração da saúde. Segundo o deputado Ferreirinha, o novo secretário tem que botar ordem na casa. "Primeiro, estancar a corrupção, fazer processo sério de auditoria e corregedoria. Não arquivar como esse governo fez em outros episódios. A situação é muito seria. Quem serão os responsáveis pela milhares de mortes que poderiam ter sido evitadas. Não teve planejamento do começo até agora", afirma o parlamentar.