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Operação mira líderes da milícia Escritório do Crime, criada por ex-Bope Adriano da Nóbrega

Grupo paramiliar é formado por policiais e ex-policiais matadores de aluguel e investigado pela morte de Marielle Franco

Leonardo Gouvea da Silva
Leonardo Gouvea da Silva -
A Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) e o Ministério Público estadual (MPRJ) fazem, desde as primeiras horas da manhã desta terça-feira, a Operação Tânatos, contra a milícia chamada Escritório do Crime. São quatro mandados de prisão e 20 de busca e apreensão contra líderes da quadrilha, que estão sendo cumpridos em vários endereços.
Um dos principais alvos, Leonardo Gouvêa da Silva, conhecido como Mad, foi preso em Vila Valqueire, na Zona Oeste do Rio. O irmão dele, Leandro Gouvêa da Silva, o Tonhão, também foi capturado. Os ex-PMs João Luiz da Silva, o Gago, e Anderson de Souza Oliveira, o Mugão, ainda são procurados.
De acordo com o MPRJ, Mad é o chefe do grupo paramilitar, sendo responsável pela negociação, o planejamento, a operacionalização e a coordenação das tarefas do bando. Seu irmão é um de seus homens de confiança e atua como motorista da quadrilha, fazendo o levantamento, a vigilância e o monitoramento das vítimas.
Gago e Mugão exercem funções semelhantes a de Tonhão, sendo ainda braços armados da organização criminosa.
O nome da operação, Tânatos, é uma referência ao Deus da Morte na mitologia grega.
Os alvos:
. Leonardo Gouvêa da Silva, o Mad: PRESO
. Leandro Gouvêa da Silva, o Tonhão (irmão de Mad): PRESO
. João Luiz da Silva, o Gago (ex-PM)
. Anderson de Souza Oliveira, o Mugão (ex-PM)
Os quatro foram indiciados pelos crimes de homicídio e organização criminosa.
ATUAÇÃO
O Escritório do Crime é formado por policiais e ex-policiais matadores de aluguel e age há mais de 10 anos, principalmente na Zona Oeste. Um dos seus líderes foi o ex-capitão do Bope Adriano da Nóbrega, morto no dia 9 de fevereiro na Bahia, apontado como um dos  fundadores da quadrilha.
O grupo também é investigado pelas mortes da vereadora Marielle Franco (Psol) e do motorista Anderson Gomes, em março de 2018. O policial militar reformado Ronnie Lessa e o ex-PM Élcio Queiroz, acusados pelo duplo homicídio, fazem parte do bando.
A operação de hoje surgiu a partir de três denúncias do MPRJ contra o grupo, que sempre age fortemente armado e com bastante agressividade. A investigação apontou que os integrantes da quadrilha cometem os crimes usando carros e com trajes que impedem a identificação deles, como balaclava e roupas camufladas. Os atiradores desembarcam do veículo e vão em direção ao alvo para matá-lo sem chances de defesa.
CRIMES
Um dos homicídios investigados é o de Marcelo Diotti da Mata, assassinado no mesmo dia que Marielle, 14 de março de 2018, no estacionamento de uma lanchonete na Barra da Tijuca. O Capitão Adriano é apontado como mandante do crime.
Ainda segundo o Ministério Público, Diotti, que já havia sido preso por homicídio e exploração de máquinas de caça-níqueis, era visto como desafeto pelos milicianos.
O Escritório do Crime também é investigado pela tentativa frustrada de execução do PM reformado Anderson Cláudio da Silva, o Andinho, e do também PM Natalino dos Santos Rodrigues, no dia 6 de janeiro de 2018, em Bangu. Andinho, no entanto, não foi atingido pelos disparos. Natalino, apesar de ter sido baleado, sobreviveu ao ataque.
Depois da tentativa do duplo homicídio, os milicianos passaram a monitorar a rotina de Andinho para um novo ataque, que aconteceu no 10 de abril do mesmo ano.