Esforço não valorizado
Enfermeiros estão sem pagamento e passando necessidade, com contas acumuladas
Por RENAN SCHUINDT
Publicado em 19/07/2020 00:00:00 Atualizado em 19/07/2020 00:00:00Há dois meses sem receber salários, o enfermeiro Anderson Pereira, de 32 anos, é um dos profissionais de saúde que atuam na linha de frente do combate ao coronavírus. Lotado no Hospital de Campanha do Maracanã, onde ontem mesmo foi impedido de entrar, ele vive agora a incerteza do desemprego. Geladeira vazia e contas acumuladas o fazem refletir sobre a falta de valorização da profissão. Enquanto a Secretaria de Estado de Saúde insiste em afirmar que a unidade, assim como o Hospital de Campanha de São Gonçalo, não foi fechada, quem sofre são aqueles que se dedicaram e colocaram a própria vida em risco para salvar doentes com Covid-19.
A situação de Anderson é dramática. Ontem, quando chegou para trabalhar, foi barrado por um dos seguranças. "Ele alegou que meu nome não estava na lista de autorizados a entrar. Fui orientado a voltar para casa e aguardar. Me sinto abandonado pelos governantes. A gente abriu mão de família, de amigos, tudo para nos dedicarmos à vida das pessoas. Agora, nem salário temos. Precisamos sobreviver", pede.
Anderson conta que, antes de entrar na unidade do Maracanã, conseguiu emprego como socorrista na Ponte Rio-Niterói, mas foi dispensado devido à pandemia. "Não tenho arrependimento algum. É isso que amo fazer".