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'Pomilicianos' na mira

Cinco PMs rodam por esquema que incluía propinas a agentes do 18º e do 31º BPM

Por Thuany Dossares e Beatriz Perez

Publicado em 31/07/2020 00:00:00 Atualizado em 31/07/2020 00:00:00
Rio,30/07/2020 -COVID-19 -CORONAVIRUS, SAO GONCALO,operacao do Ministerio Publico contra milicia na Zona oeste . Na foto, agentes do Ministerio Publico na Corregedoria da Policia Militar em Sao Goncalo.Foto: Cleber Mendes/Agência O Dia

Seis PMs são apontados como integrantes de uma milícia que atua na comunidade da Asa Branca, em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio. Eles foram alvos da operação Gogue Magogue, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público, deflagrada ontem.

Até o fechamento desta edição, cinco PMs já haviam sido presos por organização criminosa, corrupção ativa e passiva, e concussão. O grupo, segundo o MP, explorava a venda ilícita de pontos de TV a cabo, de cigarros contrabandeados e pontos de mototáxi.

O Gaeco ainda descobriu um esquema de propina a PMs para que dessem informações sobre operações policiais na região, além de fazerem vista grossa para as irregularidades de trânsito praticadas pelos mototaxistas, na área do 18º BPM (Jacarepaguá) e do 31º BPM (Recreio dos Bandeirantes).

"Quando abordados pela polícia, os mototaxistas fazem contato com membros da milícia e são liberados. Não raro, os próprios policiais militares presentes na operação assumem a ligação para confirmarem diretamente com o comparsa se o mototaxista detido é, de fato, parceiro do grupo criminoso", diz o MP.

As investigações também apontaram que o grupo paramilitar ameaçava quem atrapalhava seus negócios. Nas interceptações telefônicas, o Gaeco descobriu que os mototaxistas que deixavam de pagar aos milicianos sofriam represálias, incluindo a expulsão da região.

O grupo também fazia grilagens de terras e cometia crime de exploração sexual de menores. Na ação, também foram cumpridos mandados de busca e apreensão contra oito civis. Eles seriam responsáveis por gerenciar os pontos de mototáxi, repassar o dinheiro da propina aos PMs do 18º e do 31º BPM, comunicar a presença de policiais na região, além de fazer a manutenção técnica e a cobrança pelos serviços clandestinos de TV a cabo, de internet e a comercialização de cigarros ilegais.