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Biblioteca que ajuda jovens no Chapadão lança vaquinha para aumentar alcance

Objetivo é adquirir o terreno ao lado para ampliar o ensino do local com uma sala de vídeo e uma horta para produção agroecológica

Professor e morador da região, Jocemir Reis pretende criar um projeto de agricultura familiar no Morro do Chapadão para beneficiar 250 famílias
Professor e morador da região, Jocemir Reis pretende criar um projeto de agricultura familiar no Morro do Chapadão para beneficiar 250 famílias -
Com mais de quatro mil títulos, a Biblioteca Paulo Freire, no Complexo do Chapadão, na Zona Norte, há 14 anos, é um oásis de cultura em meio ao cenário de violência. Na contramão do terror, a instituição, que utiliza a literatura como ferramenta de transformação socioeconômica, tenta agora arrecadar R$ 15 mil para a compra de um terreno ao lado da sede, onde será implementado um projeto de agricultura familiar. O expectativa é que pelo menos 250 famílias sejam beneficiadas. Com a verba, também será possível transformar uma antiga igreja em uma sala multiuso.

No total, os imóveis foram orçados em R$ 21 mil, sendo que a instituição já deu uma entrada de R$ 6 mil, restando agora quinze parcelas de R$ 1 mil, que serão pagas mensalmente. “Estamos recorrendo a amigos e parceiros que conhecem o nosso trabalho para que nos ajudem nesse projeto desafiador. Existe uma carência muito grande por aqui. Não temos tempo para esperar o poder público agir”, afirma o coordenador do espaço, Jocemir Reis.

Com as novas aquisições — um terreno de 35 metros de comprimento por 16 metros de largura, no qual será implementada uma pequena produção agroecológica e cursos de horta orgânica e sintrópica (prática de manejo regenerativa), e um espaço onde funcionava uma igreja, que dará lugar à uma sala de exibição de vídeos e palestras —, a biblioteca pretende ampliar ainda mais o alcance. E, claro, garantir conforto e conhecimento. Em junho, aliás, a biblioteca completou aniversário.

Segundo Reis, “a aquisição dos imóveis foi uma das formas de comemorar”, brinca. Professor de filosofia, ele tem papel fundamental na região e é responsável por ajudar diversos moradores a ingressarem na faculdade pública, por meio do pré-vestibular comunitário. É o caso de Diogo Oliveira, que quando chegou à biblioteca não havia nem terminado o Ensino Médio. “Fui o primeiro da minha família a cursar o ensino superior”, diz o estudante da UERJ, que está no 6º período de Artes Visuais.

AJUDA VEM DE LONGE
Mineira radicada em São Paulo, Pilar Lacerda, diretora da Fundação SM, é uma das parceiras da biblioteca. Embora ainda não conheça pessoalmente o trabalho desenvolvido no Chapadão, desde 2015 ela oferece apoio. “Isso me dá muita esperança. São pessoas que estão preocupados com o bem de todos”, diz Pilar. Interessados em ajudar a Biblioteca Paulo Freire podem entrar em contato pelo telefone (21) 97340-5772.
Professor e morador da região, Jocemir Reis pretende criar um projeto de agricultura familiar no Morro do Chapadão para beneficiar 250 famílias Reprodução de internet
Um dos criadores da Flup, Julio Ludemir, ao lado do escritor Jessé Andarilho (à direita) Reprodução de internet