Mais Lidas

Fogo Cruzado: Mês de agosto tem queda no número de tiroteios e baleados no Rio

Levantamento foi feito parcialmente, até o dia 27 deste mês - e, portanto não computou os dados do intenso confronto entre facções ocorrido no Morro de São Carlos

Guerra de traficantes no Complexo do Sao Carlos, no Rio Comprido, zona norte do Rio, na última quinta-feira
Guerra de traficantes no Complexo do Sao Carlos, no Rio Comprido, zona norte do Rio, na última quinta-feira -
Rio - Segundo levantamento de dados feito pela plataforma Fogo Cruzado, a Região Metropolitana do Rio registrou, no mês de agosto, uma queda de 63% em disparos feitos por armas de fogo em relação ao mesmo período do ano passado: foram 241 tiroteios/disparos, em comparação com 646 tiros em 2019. O número de baleados também caiu: foram 70 este mês (destes, 32 morreram), já no mesmo período de 2019 foram 252 (sendo 139 mortos); uma queda de 72%.
O levantamento foi feito parcialmente, até o dia 27 deste mês - e, portanto não computou todos os dados do intenso confronto entre facções ocorrido no Morro de São Carlos, no Estácio, Região Central do Rio, que vitimou uma jovem de 25 anos que tentava proteger o filho, de apenas três anos, além de tido a invasão de casas de comunidades e moradores feitos como reféns, em um episódio de terror que durou mais de 24 horas. 
Além dos tiroteios e dos baleados, a presença de agentes de segurança nestes eventos também diminuiu: em 241 tiroteios registrados em agosto, houve participação das unidades de segurança pública em 52 deles, 74% a menos que em 2019, quando houve participação de agentes em 201 tiros.
Por outro lado, agosto registrou um crescimento de tiroteios e disparos de arma de fogo em áreas com Unidade de Polícia Pacificadora (UPP): Complexo da Penha (11), Complexo do Alemão (7), Andaraí (6), Mangueira (3) e Borel (2) foram as áreas com mais tiros. Em comparação com julho, que teve 33 registros, este mês teve aumento de 24% no número de tiros nessas áreas.
Até o dia 27, o Rio de Janeiro, com 150 tiroteios/disparos de arma de fogo, concentrou 62% do acumulado na região metropolitana este mês (241). Em seguida, vem São Gonçalo (24), Duque de Caxias (24), Niterói (11) e São João de Meriti (9). O Rio de Janeiro também teve o maior número de mortos (11) e de feridos (16) em agosto.
A Zona Norte do Rio, com 82 registros, concentrou 34% do total de tiroteios acumulados no Grande Rio em agosto (241). Na sequência, vem Baixada Fluminense (53), Zona Oeste (44), Leste Metropolitano (38), Centro (14) e Zona Sul (10). Em quarto lugar no ranking das regiões com mais tiroteios, o Leste Metropolitano – formado pelos municípios de Niterói, São Gonçalo, Itaboraí, Maricá, Rio Bonito, Cachoeira de Macacu e Tanguá – teve o maior número de mortos (12) e feridos (14), concentrando 37% dos baleados na região metropolitana este mês (70).
Em comparação com julho, que teve 338 tiroteios/disparos de arma de fogo no Grande Rio, agosto, com 241 registros, teve queda de 29% nos tiros. Também houve queda de 43% no número de mortos e de 14% na quantidade de feridos. Foram 32 mortos e 38 feridos em agosto, e 56 mortos e 44 feridos em julho.
Mais uma vez a Vila Kennedy ocupou a primeira posição no ranking dos bairros do Grande Rio com mais tiros, foram 19 este mês. Em seguida, vem Penha (9), Cidade de Deus (7), Complexo do Alemão (7), Estácio (6) e Andaraí (6).  
Já entre agentes de segurança, 11 foram baleados no Grande Rio este mês: 5 deles morreram e 6 ficaram feridos. Entre os mortos, todos estavam em serviço, entre os feridos, 4 estavam em serviço. Número de agentes baleados este mês é 47% menor que o registrado no mesmo período de 2019, quando 21 agentes foram atingidos (sendo 7 mortos). Entre os baleados naquele período, 5 morreram e 10 ficaram feridos quando estavam fora do posto de trabalho.
Em agosto, houve 1 caso com 3 ou mais civis mortos em uma mesma situação no Grande Rio, ao todo 3 civis foram mortos nestas circunstâncias. Na ocasião, houve presença de agentes. No mesmo período de 2019, foram 10 casos que deixaram 31 mortos no total. Em 9 deles houve presença de agentes. Este mês houve queda de 90% na quantidade de casos e também de 90% na quantidade de mortos nestas situações.
Cinco pessoas foram vítimas de bala perdida no Grande Rio em agosto: 1 morreu. Quantidade de vítimas este mês é 78% menor que a registrada no mesmo período de 2019, quando houve 23 baleadas, sendo 9 delas mortas. Entre as vítimas deste mês está na Ana Cristina da Silva, morta durante tiroteio no Complexo do São Carlos, no dia 26. Ana se curvou para proteger o filho, quando foi atingida por 2 tiros. Por conta do intenso tiroteio na região, Ana, que estava dentro de um carro, não conseguiu ser socorrida.
Este mês, 1 adolescente (com idade entre 12 anos e 18 anos incompletos) e 3 idosos (com idade igual ou superior a 60 anos) foram baleados no Grande Rio. Destes, 1 adolescente morreu. Em agosto de 2019, 2 crianças (com idade inferior a 12 anos), 8 adolescentes e 7 idosos morreram. destes, 6 adolescentes e 2 idosos morreram. Entre as vítimas, estão Tânia Gomes Moeda, de 70 anos, João Carlos Moeda, de 67 anos, e Henrique Antônio Espíndola, de 78 anos. Os três idosos foram baleados ao entrarem por engano em uma favela do Jóquei, em São Gonçalo, no dia 11.
No acumulado do ano – de janeiro até agosto – o Fogo Cruzado registrou 3.188 tiroteios/disparos de arma de fogo na Região Metropolitana do Rio. No total, 1.214 pessoas foram baleadas: sendo 608 mortas e 606 feridas. Em comparação com o mesmo período de 2019, que teve 5.518 tiroteios e deixou 2.062 pessoas baleadas – sendo 1.083 mortas e 979 feridas –, este ano teve uma queda de 42% no índice de tiroteios, de 44% na quantidade de mortos e de 38% no número de feridos.