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Número de mortes em confrontos caiu mais de 70% após proibição de operações, diz estudo
Relatório da Universidade Federal Fluminense indica que mesmo a morte de policiais em confronto teve redução significativa
Por Yuri Eiras
Publicado em 03/08/2020 12:41:29 Atualizado em 03/08/2020 12:41:29Rio - A decisão do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), de proibir operações policiais em favelas durante a pandemia reduziu em 72% as mortes decorrentes de incursões, em comparação aos óbitos registrados entre 2007 e 2019. O relatório 'Operações policiais e ocorrências criminais: Por um debate público qualificado', apresentado pelo Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos (Geni) da Universidade Federal Fluminense (UFF), indica ainda que o número de feridos caiu pela metade na Região Metropolitana do Rio: 49,6% a menos em relação à média dos anos anteriores.
Proposta pelo PSB (Partido Socialista Brasileiro) e por movimentos organizados de favelas, a medida de proibir as operações durante a pandemia foi anunciada pelo ministro Fachin no dia 5 de junho. Desde então, apenas incursões emergenciais ou previamente avisadas são admitidas. O estudo mostrou que mesmo a morte de policiais em confronto diminuiu: a média de agentes de segurança mortos em tiroteios no período era de 10 nos anos anteriores, e caiu para 5 em 2020.
"O relatório indica que as operações não são um método eficiente para o controle do crime. Pelo contrário, ela parece inclusive incrementá-lo. Houve uma redução significativa das operações policiais e consequentemente no número de mortos, feridos, sem aumento das ocorrências. Inclusive com a diminuição da morte de policiais", comenta Daniel Hirata, professor da UFF e um dos autores do estudo.
"A consequência maior é uma ideia de que existiria uma polarização entre quem defende o crime e é contra as mortes, e quem é a favor das mortes, contra o crime. Nosso relatório responde, de forma qualificada, essa polarização".