Covid-19 mata mais em Itaguaí
Cinco comunidades locais concentram 38% de todos os óbitos nas favelas do estado do Rio
Por MH
Publicado em 08/09/2020 00:00:00 Atualizado em 08/09/2020 00:00:00Desde o início da Covid-19 no país, especialistas alertavam para a chegada do vírus em locais com pouca infraestrutura. A preocupação se justifica pelo número de casos em comunidades carentes de Itaguaí, na Baixada Fluminense. Cinco delas concentram 38% de óbitos e 26% dos casos da doença de todas as localidades mapeadas pelo Painel Unificador das Favelas no estado.
Já são 2.671 infectados e 560 óbitos. Os dados são diferentes dos apresentados pela prefeitura, que contabiliza 2.172 casos e apenas 114 mortes. De acordo com Theresa Williamson, diretora executiva do Comunidades Catalisadoras, gestora do Painel Unificador, Itaguaí aparece com grande número pois é um das poucas cidades que fazem contagens precisas nas favelas. Para ela, se outras favelas tivessem esse levantamento, o número de casos no Estado do Rio seria bem maior do que o notificado oficialmente. "Precisamos contabilizar, mas não temos estrutura. Dados salvam vidas, sem dados a população fica mais uma vez negligenciada", afirma Theresa.
De acordo com Douglas Almeida, coordenador de mobilização da Casa Fluminense, a pandemia só escancara as desigualdades. "A Covid-19 atinge principalmente os mais pobres, nas favelas e periferias. Infelizmente, não é surpresa o impacto em Itaguaí. O Mapa da Desigualdade aponta que a cidade tem uma das piores médias de idade com que as pessoas morrem, 60 anos, seis anos a menos que a média da Região Metropolitana do Rio", afirma.