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Milícia pode ter envolvimento na morte de camelô na Praça Seca

Vendedor ambulante no BRT do Mercadão de Madureira, Douglas Bellot foi morto a tiros quando voltava para casa, no Bateau Mouche

Por Yuri Eiras

Publicado em 24/10/2020 13:20:04 Atualizado em 24/10/2020 13:20:04
Douglas Bellot estava perto de casa quando foi atingido, próximo à comunidade do Bateau Mouche
Rio - "Boa tarde para todos, família. Muita saúde, muita paz. Que Deus abençoe nossa família, não só agora, mas para todo o sempre". Os áudios de Douglas Bellot no grupo de Whatsapp serão as lembranças da família, agora despedaçada pela morte misteriosa do camelô de 36 anos. Pai de três filhos, todos com menos de oito anos, Douglas foi assassinado com tiros na cabeça e na barriga perto de casa, na parte alta da favela do Bateau Mouche, na Praça Seca. A esposa chegou a ouvir os disparos e sentir o cheiro da pólvora. Minutos antes, ela havia recebido uma mensagem do marido dizendo que já estava chegando.
A mochila de Douglas, com documentos, celular e carteira, foi roubada. A residência fica perto de uma área que serve de monitoramento da milícia que atua na região. Testemunhas acreditam que ele tenha sido morto pelos milicianos. A Delegacia de Homicídios investiga o caso.
Familiares estiveram neste sábado (24) no Instituto Médico Legal (IML) para o reconhecimento do corpo. Douglas será enterrado no domingo, no Cemitério de Inhaúma. O velório deverá ter a presença de dezenas de camelôs que trabalhavam com 'DG' no BRT do Mercadão de Madureira. "No BRT, não tem um que fale mal do DG. Ele chamava a atenção de quem fazia algo errado dentro da estação, se sabia que tinha acontecido algo dava bronca, chamava os moleques. Era muito querido, um cara totalmente do bem", comentou um parente que preferiu não se identificar.
Barraca de DG fazia sucesso
Muito movimentada, a barraca de Douglas dentro da estação do BRT vendia de chocolates a cerveja e era o principal sustento da família. DG morava com a esposa e três filhos - de um, seis e oito anos -, e havia acabado de comprar ar-condicionado e televisão de 60 polegadas. "O DG do Mercadão era um cara humilde, pensava na família. Dava muitos conselhos para os sobrinhos, cunhados. Todo dia mandava mensagem, sempre perguntando se queria alguma coisa. Todo dia tinha mensagem dele: 'bom dia família, bom dia de trabalho, fiquem com Deus'. Tava conseguindo as coisinhas dele, reformando a casa. Trabalhava muito".
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